O pai biológico do menino de dois anos que está internado em coma na Santa Casa de Campo Grande em um possível caso de maus-tratos vai entrar com o pedido para obter a guarda provisória tanto dele quanto da irmã mais velha, de quatro, que também é sua filha. A informação foi divulgada hoje (31) pela sua defesa.
Segundo a atualização dos fatos, a menina está na casa da avó materna desde o dia em que o caso veio a tona. No seu depoimento, a avó confirmou que o pai biológico das crianças foi até a sua residência para buscar a filha, entretanto, a devolveu em seguida. Por conta disso, a defesa optou por entrar com o pedido de guarda.
O pai biológico, em depoimento, pontuou que ficou sabendo da situação do filho mais novo por meio de conhecidos e da imprensa, sendo que estava residindo em outra cidade e foi para Campo Grande para acompanhar o caso. Ele é ex-detento, porém, o motivo para a pena cumprida não foi confirmada.
A avó chegou a registrar o boletim de ocorrência de desparecimento da filha, mãe das crianças, por não mais vê-la durante a semana passada. Na ocasião, a filha deveria estar na Santa Casa acompanhando a recuperação do menino, mas não teria sido vista pela equipe médica.
A jovem, em depoimento prestado na segunda-feira (29), foi questionada sobre o seu sumiço dos últimos dias e justificou que precisou ir até Anhanduí para trabalhar – ela atua como diarista -, recebendo R$ 110,00 por um serviço de faxina.
Na sua versão, detalhou que esteve na Santa Casa nos dois primeiros dias em que o filho estava internado. No sábado usou um motorista de aplicativo para ir até o distrito fazer a faxina, voltando à cidade no mesmo dia. Na segunda-feira, foi convencida por amigos a prestar esclarecimentos a delegacia.
Sobre o padrasto do menino, que foi preso pela Polícia Rodoviária Federal (PRf) na terça-feira (30) fugindo, a pé, para Terenos, a mãe da vítima relatou que não estão mais juntos desde o dia em que o filho sofreu o acidente doméstico, caindo do degrau enquanto brincava com a irmã de quatro anos.
O término aconteceu porque os dois entraram em desavença exatamente quanto à dinâmica do ato, sendo que ele acusou ela de ter ‘feito algum mau’ para a criança. O padrasto também prestou depoimento ontem, mas a sua versão para os fatos não foi divulgado pela investigação até o momento.
O caso segue sob sigilo, mas está sendo investigado como abandono de incapaz, se do fato resulta lesão corporal de natureza grave e homicídio contra menor de 14 (quatorze anos), na forma tentada.
De acordo com a assessoria de imprensa da Santa Casa, o menino continua internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) sem apresentar reação aos estímulos, em coma e em observação clínica rigorosa.
O caso
O caso veio a tona na última terça-feira (23), depois que a equipe médica da Santa Casa atendeu a vítima. Na ocasião, a mãe alegou que o menino tinha caído de um degrau na casa em que residem enquanto brincava com a irmã de quatro anos.
Entretanto, a pediatra responsável pelo atendimento acusou que as lesões não eram compatíveis com a dinâmica relatada pela mãe e a polícia foi acionada para investigar o caso de maus-tratos.
O menino está internado no CTI (Centro de Tratamento Intensivo) com diagnóstico de traumatismo craniano e em coma. Segundo as informações, a jovem não teria ido mais visitar o filho desde o dia 24, quando o caso começou a ser investigado.
Testemunhas disseram que localizaram a jovem em frente a sede do Conselho Tutelar do bairro Aero Rancho e que ela própria pediu ajuda para se entregar às autoridades. Ainda de maneira não oficial, há provas de que a criança sofria maus-tratos.
O depoimento da jovem acontece na sede da Delegacia Especializada na Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA), responsável pelo caso. Uma coletiva de imprensa está sendo aguardada para dar mais esclarecimentos.