Onze anos após o crime, Hugleice de Souza e o enfermeiro Jodimar Ximenes Gomes serão levados a júri popular pela morte de Marielly Barbosa Rodrigues, 19 anos, cunhada de Hugleice, que morreu durante aborto clandestino, em maio de 2011, em Sidrolândia. O julgamento acontece nesta quinta-feira (15) a partir das 9h, no Tribunal do Júri da comarca de Sidrolândia.
Hugleice de Souza e o enfermeiro responderão por provocar aborto com o consentimento da gestante, mediante fraude, grave ameaça ou violência, com a qualificadora de resultar na morte da gestante, e por ocultação de cadáver, conforme denúncia do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul).
Em 2020, Hugleice foi condenado por tentar matar a esposa, em Mato Grosso. Ele teria flagrado mensagens no celular da esposa e esfaqueado ela no pescoço, em novembro de 2018. Ele ainda teria amarrado a esposa depois de esfaqueá-la. Na época de sua prisão, ele teria dito que estava arrependido do crime. Hugleice estava foragido após esfaquear a esposa em Mato Grosso e acabou preso em Dourados pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) na BR-163.
Relembre o caso
O caso ocorreu em maio de 2011. Segundo denúncia do Ministério Público, Hugleice era casado com a irmã de Marielly, mas manteve relacionamento sexual com a cunhada, que originou a gravidez.
De comum acordo, ambos teriam decidido pelo aborto e Hugleice levou a vítima de Campo Grande até a casa de Jodimar, em Sidrolândia, para quem pagou R$ 500 para que o aborto clandestino fosse feito.
Durante o procedimento, a jovem passou mal e morreu por complicações do aborto, no dia 21 de maio de 2011.
Após o enfermeiro contar sobre a morte, ele e Hugleice colocaram o corpo de Marielly em uma caminhonete e o deixaram em um matagal.
O desaparecimento da jovem mobilizou parentes, amigos, vizinhos, políticos e a opinião pública para encontrar a filha.
O corpo da universitária foi encontrado em 11 de junho em um canavial, localizado em uma estrada vicinal de Sidrolândia, em estado de decomposição.
Em julho do mesmo ano foi decretada a prisão de Hugleice, que até então negava qualquer envolvimento com o caso, mas confessou dois após ser preso, e de Gomes, que continua a alegar inocência.
A Justiça concedeu liberdade a Hugleice ainda em setembro daquele ano, mas ele voltou a ser preso em novembro de 2019, após esfaquear a esposa, irmã de Marielly, no Mato Grosso, onde mora desde que foi solto pela morte da universitária.
Em 2019, a defesa dele apresentou nova versão, alegando que a família da universitária seria cúmplice do aborto mal sucedido que a matou.
Conforme o advogado de Hugleice na ocasião, José Roberto da Rosa, ele assumiu o crime para acobertar sua mulher e a sogra, respectivamente irmã e mãe da vítima.
Na época do crime, causou estranheza o fato da família de Marielly continuar aceitando ele, inclusive com a manutenção do casamento com a irmã.