Uma pesquisa do Datafolha divulgada neste domingo (24) revelou que a maioria das pessoas autodeclaradas pardas no Brasil não se identifica como negra. Entre os pardos, 60% afirmam não se considerarem negros, enquanto 40% dizem o contrário. Já entre os que se declaram pretos, 96% se identificam como negros, e apenas 4% não se veem dessa forma.
O levantamento apontou também que 17% dos pardos relataram já ter sofrido discriminação pela cor da pele. Entre os pretos, esse índice sobe para 56%, enquanto entre os brancos, é de 7%.
A pesquisa destaca que 65% dos brasileiros acreditam que a população negra é composta pela soma de pessoas pretas e pardas. Essa definição foi formalizada em 2010 com a sanção do Estatuto da Igualdade Racial. O entendimento é ainda mais presente entre os pretos (77%) e, embora a maioria dos pardos não se identifique como negra, 67% compartilham da visão de que pretos e pardos juntos formam a população negra.
Percepção sobre o racismo no Brasil
De acordo com a pesquisa, 45% dos brasileiros acreditam que o racismo aumentou nos últimos anos. Essa percepção é mais acentuada entre pretos (54%), enquanto entre os brancos, 35% concordam com essa afirmação. Outros 35% dos entrevistados consideram que o racismo permaneceu no mesmo patamar, e 20% acreditam que ele diminuiu.
Sobre os ambientes onde o racismo se manifesta, 56% apontam as atitudes individuais como o principal local de ocorrência. Outros 27% destacam as estruturas institucionais, 13% veem o problema em ambos, e 4% afirmam não saber.
Quando questionados sobre a parcela da população que discrimina negros, 59% dos entrevistados acreditam que a maioria da sociedade é racista. Outros 5% dizem que todos os brasileiros o são, enquanto 30% acreditam que apenas uma minoria discrimina, e 4% afirmam que ninguém é racista.
Diferenças de percepção entre homens e mulheres
O estudo também mostrou diferenças de percepção sobre racismo entre gêneros. Entre as mulheres, 74% acreditam que todos ou a maior parte dos brasileiros são racistas, enquanto entre os homens esse número cai para 53%.
Detalhes da pesquisa
A pesquisa foi realizada entre os dias 5 e 7 de novembro, com 2.004 participantes de 16 anos ou mais, em 113 municípios brasileiros. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para o total da amostra, 5 pontos para pretos, 4 para brancos e 3 para pardos.
No Brasil, o racismo é crime, com pena de reclusão de 2 a 5 anos, além de multa. A injúria racial, considerada equivalente ao racismo, também possui a mesma pena.