02/11/2014 10h30
De Terenos, estudante que está na final das Olimpíadas de Língua Portuguesa sonha em ser escritor
MidiaMax
Ele tem apenas 12 anos, mas os sonhos são de gente grande. Daniel Cipriano da Silva estuda em uma escola pública de Terenos – cidade a 28 quilômetros de Campo Grande, e será o representante do Centro-Oeste na fase final das Olimpíadas de Língua Portuguesa, que vai acontecer em Brasília no dia 1º de dezembro.
Na sexta-feira (31), ele desembarcou no Aeroporto Internacional de Campo Grande após ser classificado para a grande final. Com cartazes de apoio e exaltando o esforço do menino, que desde os 5 anos escreve trechos de poemas, familiares, amigos e a professora Aline dos Santos Teixeira, receberam o estudante muitos emocionados.
Aline – que é sua grande incentivadora – diz que Daniel é um aluno excepcional. Ela revela que o garoto sabe ‘brincar com as palavras’ e o dom de jogar com o ritmo de cada uma não é para todos. “É difícil ter um aluno que tenha todas as características de um bom escritor, mas ele sabe o principal que é brincar com as palavras”, diz.
Para ela, o fato de ele viver no campo ajudou, já que tema do concurso era “O lugar onde eu vivo” e a vida bucólica faz a imaginação de transcender e chegar a lugares que o cidadão urbano não consegue. “A vida rural faz a pessoa ser mais criativa, são muitas as situações que estimulam a imaginação”, diz.
Leitor voraz, Daniel diz que não esperava chegar tão longe e diz que é nos poemas de Vinicius de Moraes que busca inspiração. Questionado se um dia será o novo Manoel de Barros, ri, e tímido, diz que ainda não.
Já o tio, José da Silva Cipriano,diz acreditar que o menino vai muito mais longe. Primeiro da família a fazer uma faculdade, ele conta sentir muito orgulho em ver o garoto chegando tão longe e ainda tão jovem. “Vim do Nordeste e só fui estudar a partir dos 14 anos. Estou com 32 e agora que estou me formando em Serviço Social. Vê-lo já com tantas conquistas é um orgulho muito grande para a família”, diz.
O pai, Denilson Cipriano da Silva, que é deficiente físico, e por isso não conseguiu terminar os estudos, não esconde a emoção. Com a voz trêmula diz que no início não acreditava que Daniel pudesse estar onde está. Mas sabendo do esforço dele hoje vê que isso é só o começo. “Ele sempre está lendo, estudando. É muito dedicado. Vou ver meus sonhos serem realizados através dele”, projeta.
A mãe, Ozineide Cipriano da Silva, conta que o filho sempre soube o que fazer e que nunca precisou mandá-lo estudar, fazer tarefa ou que quer que fosse. “Nunca precisei mandar ele estudar. Ele sabe o que tem que fazer e me deixa muito orgulhosa”, finaliza.
O concurso
Daniel concorreu na categoria “poema”, mas além desta há as modalidades: memória literária; crônica e artigo de opinião. A primeira fase da trajetória foi dentro das escolas em geral, onde as diretoras selecionaram os melhores textos e enviaram para as secretarias municipais.
Por sua vez, os municípios realizaram outra peneira e mandaram para a SED (Secretaria Estadual de Educação) que, posteriormente, escolheu os 12 melhores poemas do Estado. Estes últimos foram os representantes de MS na etapa de Belo Horizonte, anterior à final de Brasília.
