Na tribuna, o deputado Pedro Kemp (PT) destacou a importância da democracia para todos. “As instituições do estado democrático de Direito no Brasil estão funcionando. Temos uma democracia que é, ao mesmo tempo jovem e agora aos poucos vai se fortalecendo com o funcionamento das instituições, mesmo que haja concordância e discordância”, frisou.
“Com a discordância, ela pode recorrer, dentro do próprio Poder Judiciário, como estabelece e a legislação brasileira. À medida que os processos contra as pessoas que atentaram contra as instituições vão avançando, principalmente no dia 8 de janeiro, vemos as reclamações. Houve manifestação no último domingo, convocada pelo ex-presidente Bolsonaro, para pedir anistia aos presos do 8 de janeiro, anistia é só para quem comete erro e já reconhece isso. O estado brasileiro não pode jogar para debaixo do tapete essa tentativa de golpe do Estado”, considerou o deputado Pedro Kemp.
Pedro Kemp explicou o que foi acordado com quem foi preso pelos atos inconstitucionais do dia 8 de janeiro. “Eles não eram desavisados e enganados. O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal [STF], ofereceu proposta de um acordo para não persecução da pena do processo para 1.200 pessoas, o acordo era pagar uma multa de R$ 5.000, ficar dois anos sem interagir nas redes sociais e fazer um curso sobre democracia, 600 não aceitaram, pois são convictos do que estavam fazendo em destruir a democracia no País, atacar as instituições e dar um golpe de Estado para Bolsonaro continuar no poder”, continuou o parlamentar.
“Agora, com o anúncio do deputado Eduardo Bolsonaro [PL-SP], filho do ex-presidente Bolsonaro, para licenciar-se e ir para os Estados Unidos da América [EUA], falando que isso acontece devido ao nazifascismo instalado no País, não me comove; Bolsonaro não chorou enquanto o povo morria de Covid-19 em 2020, em plena pandemia, e ainda imitou uma pessoa com falta de ar, ironizando a agonia de uma pessoa com doença respiratória. Não devemos ter anistia, essas pessoas devem ser exemplarmente punidas para que isso não aconteça mais em nosso País”, concluiu.
Outros deputados esquerda e direita
O deputado Zeca do PT (PT) considera que o que aconteceu no último domingo mostrou a realidade.
“Esta gente está envergonhada, caiu a máscara, o que aconteceu domingo mostrou que essa piada de mau gosto, essa versão fantasiosa, acabou. Agora é o resultado de uma coisa verdadeira, esse País viveu duas realidades neste momento, o primeiro é a diferença entre Lula e Bolsonaro. Lula vergonhosamente condenado, sem nenhum direito de defesa, não deixou sua dignidade por liberdade. Já Bolsonaro vive pedindo anistia, o povo não é bobo e começa a perceber. A outra realidade permeia a arte brasileira, que comemora a repercussão do filme ‘Ainda estou aqui’, em todo o Brasil”, disse Zeca.
O deputado Zé Teixeira (PSDB) ressaltou as diferenças entre a gestão Bolsonaro e Lula para o setor do agronegócio.
“Concordo em partes com sua fala, deputado Pedro Kemp. Quem fez a depredação deveria ter ainda mais anos de condenação, mas tinha gente que só fazia volume, poderiam cumprir uma pena diferente, de trabalhos, de semiaberto. Eu tinha 24 anos de idade quando houve a revolução, e essas pessoas foram anistiadas e ainda tiveram o direito de receber indenização, que pagamos. Não considero que o Bolsonaro fez um desserviço ao Brasil, ele deu garantia jurídica ao campo nos anos que ele presidiu o Brasil. Agora estamos sem garantia alguma. Existe muita coisa errada baseado no que ouvimos, e quem está mandando no Brasil é o STF”, declarou.
Para a deputada Gleice Jane (PT), o momento pede cautela.
“É necessário nos mantermos atentos a tudo isso. O STF deu possibilidade de um acordo e uma parte das pessoas escolheram pagar a pena, por uma questão ideológica. Não aceitam acordo pedagógico, considero isso grave. ‘O choro é livre’, ouvíamos isso a todo momento, logo que Bolsonaro ganhou, para qualquer tipo de questionamento ou dúvida. Confesso que nesse momento eu não tenho coragem de dizer isso para o Eduardo Bolsonaro, porque não é nem um pouco alegre o clima que o Brasil vive, e isso é um movimento perigoso”, ressaltou.
