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quarta-feira, 25 de setembro, 2024
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Desvio de R$ 23 mi de Maracajú leva a indiciamento de ex-prefeito e mais oito

O Dracco (Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado) da Polícia Civil de MS, concluiu o inquerito que aponta suposto esquema criminoso que desviou R$ 23 milhões da prefeitura de Maracaju. Uma primeira conclusão leva nove suspeitos a serem indiciados pelo inquérito policial, incluindo o ex-prefeito, Maurílio Ferreira Azambuja (MDB), o ‘dr.Maurilio’. A investigação foi aberta no mês passado, levando a pratica da Operação ‘Dark Money’, que até prendeu 10 acusados, entre políticos e ex-secretários da então administração de Azambuja, que também foi preso, após ficar uns dias foragido. Após, o ex-prefeito se apresenta à polícia em Campo Grande no dia 25, mas acabou por ficar apenas três dias na prisão. Em depoimento disse não saber de tal esquema, apesar de admitir saber de conta bancária falsa, mas ‘idade’ o tirou da cela para prisão domiciliar

O inquérito comandado pelo Dracco foi encerrado nesta terça-feira (5) e incrimina dr.Maurilio e mais oito pessoas. Além do ex-prefeito, foram indiciados o ex-secretário de Fazenda e candidato a prefeito nas eleições 2020, Lenilso Carvalho Antunes (MDB); Daiana Cristina Kuhn, ex-chefe da pasta na gestão do emedebista; Edimilson Alves Fernandes, então gestor de licitações da prefeitura; o empresário Pedro Everson Amaral Pinto, dono de uma tapeçaria em Maracaju acusado de trocar cheques da conta secreta; Moisés Freitas Victor, que trabalhou na tapeçaria; Fernando Martinelli Sartori, genro do empresário, Victor Henrique Kuhn, irmão de Daiana e apontado como “laranja” no esquema; e a ex-diretora do Departamento de Tesouraria Iasmim Cristaldo Cardoso.

O resultado do inquérito será enviado ao Ministério Público de Mato Grosso do Sul, a quem cabe oferecer denúncia ao Poder Judiciário, contra os investigados ante o esquema de corrupção em apuração e ressaltado na ação da Operação Dark Money, ocorrida no dia 22 de setembro. A investigação apontou a abertura de uma “conta clandestina”, não informada aos órgãos de controle, para desviar R$ 23,4 milhões dos cofres públicos do município nos últimos dois anos, 2019 e 2020, do segundo mandato de ‘dr.Maurilio’, no comando da prefeitura. Pelo menos 15 empresas teriam sido beneficiadas pelo esquema de corrupção, no qual teriam recebido o dinheiro sem ter contrato com o município nem nota fiscal emitida para justificar o pagamento.

Desvio de R$ 23 mi de Maracajú leva a indiciamento de ex-prefeito e mais oito
Ex-prefeito de Maracaju Maurílio Azambuja (MDB). (Foto/Divulgação)

Em depoimento à polícia, Maurílio Azambuja confirmou que abriu a conta de fachada, mas ressaltou que “não sabia das ilicitudes” e responsabilizou Lenilso Antunes, Iasmin Cristaldo Cardoso e o ex-secretário de Planejamento pelas irregularidades. O ex-prefeito disse que os assessores tinham autonomia para movimentar a conta para facilitar os pagamentos de até R$ 100 mil. O emedebista inclusive admitiu que assinou alguns dos 600 cheques usados para desviar a fortuna dos cofres municipais. “Assinei alguns cheques, mas só conferia os valores, confiava nos secretários”, teria dito.

Prisões e mais inquérito

Segundo a Polícia Civil, um novo inquérito será aberto para apurar os cheques e valores favorecidos relacionados a contas fantasmas. Dos noves indiciados ontem, com fim do primeiro inquérito. oito tem algum tipo de prisão a cumprir.

Maurílio Azambuja, Iasmin, Fernando e Moisés cumprem prisão domiciliar e utilizam tornozeleira eletrônica por ordem da Justiça. Já Lenilson, Daiana, Edimilson e Pedro Everson estão presos por ordem do juiz Marco Antônio Montagnana Morais, da 2ª Vara Cível e Criminal de Maracaju.

O esquema

A Investigação do Dracco identificou 15 empresas que foram beneficiadas pelo desvio de R$ 23,479 milhões dos cofres da Prefeitura de Maracaju. Apenas uma construtora, que pertence a um servidor, recebeu R$ 876,1 mil, conforme análise do Laboratório de Tecnologia contra Lavagem de Dinheiro.

“Os fatos apurados até o momento indicam que uma organização criminosa estabelecida mais especificamente na Secretaria de Fazenda teria desviado o dinheiro mediante a abertura de uma conta clandestina, que não foi informada aos órgãos de controle”, informou a polícia, em nota.

“Dos 627 cheques da referida conta emitidos, 75 já foram minuciosamente analisados pelo Laboratório de Tecnologia contra a Lavagem de Dinheiro, apurando-se que foram nominais a 15 empresas que não tiveram contratação formal com a Prefeitura, ou seja, não se submeteram a qualquer procedimento licitatório, bem como inexistem na Prefeitura notas fiscais que justificam os pagamentos efetuados”, explicou.

A empresa Pré-moldados Maracaj Eireli, que tem como sócio servidor público nomeado para função na Secretaria de Fazenda, teria recebido R$ 876.149,08 em cheques. O valor representa 3,37% do montante desviado. “O funcionário público teve sua prisão preventiva decretada e suas contas pessoais e empresarias bloqueadas pela justiça”, informou a delegada Ana Cláudia Medina, titular do Dracco

A empresa Pedro Everson do Amaral Pinto ME teria recebido R$ 354.429,00. Pedro Everson Amaral Pinto, também com a prisão preventiva decretada pela Justiça, é acusado de ser o operador financeiro do esquema criminoso que desviou a fortuna da prefeitura de Maracaju.

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