Desde o início de janeiro de 2025, o salário mínimo no Brasil foi reajustado para R$ 1.518, representando um aumento nominal de 7,5%. O reajuste inclui a inflação acumulada de 4,84%, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC-IBGE), além de um ganho real de 2,5%, conforme estabelecido pela Lei 15.077/2024. O novo valor foi sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 30 de dezembro de 2024, por meio do Decreto 12.342.
De acordo com nota técnica do Dieese, divulgada nesta sexta-feira (3), o reajuste do salário mínimo beneficia cerca de 59,9 milhões de brasileiros que têm suas rendas baseadas nesse índice, incluindo trabalhadores assalariados, servidores públicos e aposentados. Estima-se que o novo valor injetará R$ 81,5 bilhões na economia e gerará um incremento de R$ 43,9 bilhões na arrecadação tributária sobre o consumo.
Para a Previdência Social, o impacto do aumento de R$ 106 no salário mínimo significa um custo adicional de R$ 38,9 bilhões anuais, mas o valor é mais que compensado pelo crescimento na arrecadação tributária.
Histórico de valorização do salário mínimo
Desde 2002, quando o salário mínimo era de R$ 200, a política de valorização do piso nacional contribuiu para ganhos reais e melhorias nas condições de vida dos trabalhadores, mesmo diante de períodos de estagnação econômica. Entre 2003 e 2019, a Política Nacional de Valorização do Salário Mínimo, estabelecida em lei, proporcionou aumentos reais significativos, fortalecendo a renda da população e impulsionando a economia interna.
No entanto, entre 2019 e 2022, a ausência de aumentos reais impactou negativamente o poder de compra das famílias, especialmente diante da alta inflação e do aumento expressivo nos preços dos alimentos.
Agora, em janeiro de 2025, com o valor nominal de R$ 1.518,00, o aumento real
equivale a 2,5% (a depender da taxa de variação do INPC de dezembro de 2024).
Relação com a cesta básica e custo de vida
Com o novo salário mínimo, o poder de compra em relação à cesta básica também apresentou melhora. Em São Paulo, onde o custo médio da cesta básica é de R$ 850 em janeiro de 2025, o salário mínimo permite a compra de 1,79 cesta básica, um avanço em relação ao índice de 1,74 registrado em 2024.
Desafios e oportunidades
Embora o aumento do salário mínimo tenha impacto nas despesas da Previdência e nas contas públicas, ele também gera retorno econômico significativo. A valorização do piso salarial reduz desigualdades regionais e sociais, promove o aumento do consumo interno e fortalece o mercado de trabalho informal, além de representar uma conquista histórica para a classe trabalhadora.
A discussão sobre políticas de valorização contínua do salário mínimo segue essencial para garantir melhorias nas condições de vida da população brasileira e fomentar o crescimento econômico sustentável.