Cantora, de 90 anos, que “por enquanto” não tem planos de gravar um álbum dedicado exclusivamente ao samba, faz apresentação rara nesta sábado (12).
Elza Soares, de 90 anos, é uma mulher inquieta. Em mais de 60 anos de carreira, a cantora, que acumula uma discografia com 84 títulos, segue produzindo arte com a disposição de quem ainda dá os primeiros passos na música.
Neste sábado (12), a partir das 20h, a artista veterana faz uma viagem no tempo para revisitar grandes clássicos do samba, em live no YouTube, ao lado de Seu Jorge e da também cantora Agnes Nunes.
Em conversa com o R7, Elza contou que a expectativa para o encontro é a “melhor possível” e, também, deu indícios de que o show digital tem tudo para ser uma oportunidade rara para quem acompanha a sua trajetória.
A cantora, que nos últimos 20 anos passou por uma transformação estética e artística, “por enquanto” não pensa em voltar a gravar um disco exclusivamente dedicado ao gênero. “Por enquanto eu ainda não pensei nisso. A vontade ainda não chegou”, explica.
Com uma obra tão vasta e complexa, em que o samba —mais do que interpretado foi sentido na pele—, resumir a relação com o estilo se torna praticamente inviável para ela. “O samba foi o caminho. A estrada aberta. Não sei dizer como eu resumiria. Está aí. É o resumo da obra”.
Duas décadas após ser eleita a ‘Melhor Cantora do Milênio’ pela BBC de Londres, Elza Soares está longe de sentir o peso de seus 90 anos de vida. Em pouco mais de 20 anos, ela conseguiu fazer da trajetória pessoal matéria-prima para ressignificar tragédias, atualizar o discurso e, assim, se transformar em uma das principais vozes da juventude brasileira.
Com uma obra tão vasta, vale ressaltar, é praticamente impossível sintetizar todos os elementos desse processo tão pessoal e humano. Entretanto, o título dado pela BBC, em 1999, é ponto de referência de um momento responsável por chamar a atenção de um Brasil que, por vezes, não soube reconhecer o tamanho de Elza.
Dura na Queda, em referência à canção oferecida a ela por Chico Buarque — e que abre o álbum Do Cóccix Até O Pescoço, de 2002 —, Elza, sem a pretensão de fazê-lo, dava ali um importante passo em direção às narrativas e às linguagens que passariam a apontar os novos rumos de sua vida e carreira.
O público de Elza Soares, até 2014, era predominantemente composto por pessoas maiores de 55 anos. Hoje, de acordo com informações obtidas com a Deezer — uma das principais plataformas digitais de música no país —, 40,33% do público dela na ferramenta está concentrando entre pessoas de 26 a 35 anos.
A ampliação e a renovação do público, no entanto, só foi possível após análise da obra dela. “À época, fui pesquisar para ver se ela comunicava com o público mais jovem. E a obra dela era total jovem. A Elza é muito contemporânea. E aí veio A Mulher do Fim do Mundo, que é totalmente contemporâneo, depois Deus é Mulher, Planeta Fome… Tudo com a Elza”, contou Loureiro, em conversa com o R7, no fim de 2019.
Com informação:R7