O ex-presidente está internado desde sexta-feira (11) em Natal; ele atribuiu seu estado de saúde às cirurgias feitas depois da facada sofrida em 2018
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi internado nesta sexta-feira (11) após sentir fortes dores e apresentar um quadro de distensão abdominal durante um evento do Partido Liberal, em Natal (RN). Neste sábado (12), Bolsonaro afirmou que provavelmente precisará passar por uma nova cirurgia, a mais grave desde o atentado a faca que sofreu em 2018, segundo ele próprio declarou em publicação nas redes sociais.
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A equipe médica confirmou a transferência do ex-presidente para Brasília, em uma aeronave com unidade de terapia intensiva (UTI) aérea. Ainda não há previsão de alta, mas o quadro clínico é estável. Bolsonaro teve uma noite tranquila, com mais de oito horas de sono, e relatou melhora das dores.
“Estou estável, em recuperação, e mais uma vez cercado por profissionais competentes, a quem só posso agradecer”, escreveu Bolsonaro nas redes. Ele também afirmou que, ao deixar o Hospital Rio Grande, em Natal, fará um breve aceno a apoiadores na saída, marcada para as 17h deste sábado, pela avenida Afonso Pena.
Histórico de internações
Desde que foi esfaqueado durante a campanha presidencial de 2018, Bolsonaro já passou por sete internações e diversos procedimentos cirúrgicos relacionados a complicações intestinais:
- Set/2018: Facada em Juiz de Fora (MG), primeira cirurgia de emergência.
- Set/2018: Segunda cirurgia em São Paulo para desobstrução intestinal.
- Jan/2019: Retirada da bolsa de colostomia.
- Set/2019: Cirurgia para corrigir hérnia na cicatriz abdominal.
- Jul/2021: Internação por obstrução intestinal (sem cirurgia).
- Jan/2022: Nova obstrução, causada por camarão, tratada clinicamente.
- Set/2023: Cirurgias para correção de hérnia de hiato e desvio de septo.
- Mai/2024: Internação por erisipela, infecção bacteriana na pele.
A sequência de complicações reflete o impacto prolongado do atentado sofrido por Bolsonaro, cujos efeitos se estendem até hoje, quase seis anos após o episódio.
Política e recado aos apoiadores
Além da atualização sobre seu estado de saúde, Bolsonaro usou o momento para reforçar seu apoio à pauta da anistia dos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Ele reiterou que pretende seguir “lutando por um país mais livre” e pela “anistia dos presos políticos”.
A declaração ocorre em meio à pressão de parlamentares bolsonaristas sobre o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para pautar o pedido de urgência da proposta de anistia. Motta, no entanto, busca um acordo com o Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar reduzir penas de parte dos envolvidos, como forma de evitar uma nova crise institucional entre Legislativo e Judiciário.
Mesmo afastado temporariamente da agenda política, Bolsonaro continua sendo uma figura central na articulação da oposição, mobilizando sua base em torno de causas como a anistia e reformas de segurança pública. Seu retorno ao cenário político dependerá agora da evolução do seu estado de saúde.