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terça-feira, 14 de janeiro, 2025
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Expectativas do Congresso: ‘Prudência’ de Motta e Perfil ‘Expansivo’ de Alcolumbre

Em frente ampla que vai do PL ao PT, Câmara e Senado têm nomes consolidados para votação

Um ano com poucas surpresas e posição marcada entre parlamentares é a aposta do Congresso Nacional para 2025. Com a troca de comando na Câmara e no Senado, os futuros nomes a ocuparem as presidências — Davi Alcolumbre (União-AP) no Senado, e Hugo Motta (Republicanos-PB) na Câmara —, são tidos como certos, apesar de terem estilos diferentes, conforme indicaram parlamentares.

Ambos, no entanto, traçaram estratégias parecidas para se consolidarem: a junção de apoios que vão desde a esquerda à direita.

Favorito para assumir o comando do Senado e do Congresso, Alcolumbre busca o segundo mandato frente à Casa e conta com o endosso de praticamente todos os senadores: ele teria ao menos 79 votos, se somados os partidos que já anunciaram apoio ao parlamentar.

A votação pode ter mudanças, dada a possibilidade de traições e a intenção de outros senadores em também participar da disputa, a exemplo de Soraya Thronicke (Podemos-MS), Astronauta Marcos Pontes (PL-SP), Marcos Do Val (Podemos-ES) e Eduardo Girão (Novo-CE).

Alcolumbre precisa de ao menos 41 votos para vencer a eleição, prevista para o próximo 1º de fevereiro.

Entre os senadores, a expectativa é de que o político tenha uma relação mais próxima aos congressistas e grande influência sobre a pauta da Casa. Na Mesa Diretora do Senado, Alcolumbre deve juntar o PL, de Jair Bolsonaro, na primeira vice-presidência, e o PT, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na segunda.

Relator do Orçamento de 2025, o senador Angelo Coronel (PSD-BA), por exemplo, avalia que o amapaense tem uma postura “expansiva” se comparada ao atual presidente, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), considerado por ele como “mais recatado”.

Um dos caciques do MDB, o senador Renan Calheiros (AL) destacou que Alcolumbre assumiu uma série de compromissos com a bancada, a exemplo da defesa da democracia, transparência, rastreabilidade e equidade na elaboração da Lei Orçamentária.

Ele ainda endossou que o perfil de Pacheco e Alcolumbre são “completamente diferentes, mas bastante aliados”. “O MDB resolveu não disputar a presidência e declarou apoio em tornos desses compromissos”, contou.

Os apoios de Alcolumbre

Alcolumbre soma apoios tanto da base governista quanto da oposição. Em novembro do ano passado, o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), afirmou que a condução de Alcolumbre possibilitou aprovações importantes dentro do Legislativo.

“É fundamental que, neste momento de reconstrução nacional, nós tenhamos equilíbrio e experiência no comando das nossas instituições. E o senador Davi já provou ter a capacidade de gestão e liderança para dar continuidade ao trabalho desempenhado pelo senador Rodrigo Pacheco”, afirmou o líder do PT na Casa, Beto Faro (PA), em novembro.

A oposição também aposta em Alcolumbre para conseguir pautar projetos relacionados à segurança pública e à anistia aos condenados pelos atos do 8 de Janeiro.

“O Judiciário avançou. Espero que ele restabeleça a harmonia entre os Poderes, a divisão dos Poderes constitucionais e que faça ser respeitado o Poder Legislativo. E, cumprindo com os acordos feitos na presença do presidente Bolsonaro, que a gente possa ter os espaços que, mal ou bem, nesses últimos dois anos nos fizeram muita falta, por termos sidos alijados das presidência das comissões, embora sejamos o segundo maior partido”, declarou o líder do PL no Senado, Carlos Portinho (RJ).

E as dificuldades

Alcolumbre, contudo, é tido nos bastidores como um presidente que o governo pode ter mais dificuldades para negociar, diferentemente de Pacheco, considerado um parceiro. O senador Rogério Carvalho (PT-SE) declarou que, apesar disso, a legenda tem “bom espaço para diálogo”.

Presidente da Bancada Evangélica do Senado, Carlos Viana (Podemos-MG) disse esperar que a eventual presidência do amapaense dê “espaço” e “reconhecimento” ao bloco.

“Alcolumbre foi recentemente homenageado com o mérito da ordem cristã pelo trabalho que vem desenvolvendo pela liberdade religiosa e principalmente pela defesa dos valores judaicos cristãos. Temos muita tranquilidade que com ele haverá um espaço de diálogo bem amplo para a defesa dos nossos interesses”, explicou.

Na Câmara: Hugo Motta

Na Câmara dos Deputados, a expectativa se volta para o líder do Republicanos, Hugo Motta. Com o apoio de 18 partidos e do atual presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), Motta pode repetir ou até mesmo ultrapassar a votação histórica do alagoano, que conquistou 464 votos em 2023.

Considerando os partidos que confirmaram apoio ao paraibano, ele teria 495 votos. Motta deve concorrer com o deputado Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ), que também quer se candidatar à Presidência da Câmara.

O deputado Rubens Pereira Jr. (PT-MA) classificou Motta com um perfil marcado pela “prudência”. “Vamos ter mais calmaria. É a minha impressão”, destacou, ao explicar que o paraibano tem um perfil mais moderado se comparado a Lira.

Líder da oposição em 2025, o deputado Luciano Zucco (PL-RS) disse esperar que, na gestão de Motta, o espaço às pautas do bloco seja “respeitado dentro do plenário e nas respectivas comissões”. O parlamentar gaúcho ainda destacou a expectativa para que Motta “defenda as prerrogativas parlamentares”, algo que, na visão oposicionista, Lira fez.

“Espero que, como presidente, ele defenda as prerrogativas parlamentares que vêm sendo atacadas constantemente e faça valer o que diz a nossa Constituição Federal. Temos muito trabalho pela frente, nosso país precisa que o Legislativo avance seriamente em pautas que visem melhorias e soluções para os diversos problemas que estamos enfrentando”, explicou Zucco, destacando que, nas pautas prioritárias, o projeto de lei da anistia segue como demanda da oposição.

Apesar de ter sido considerada uma “moeda de troca” para o apoio do PL a Motta, o paraibano não se comprometeu publicamente com a proposta. Ele defendeu uma análise “cautelosa” sobre o tema e destacou que a questão deve ser tratada de forma responsável e independente do processo eleitoral interno da Casa.

“Se essa for a vontade da maioria dos meus pares, que eu seja presidente da Casa, conduzirei os trabalhos com esse compromisso voltado ao futuro do país”, afirmou o deputado no ano passado.

Atenção à diversidade do Congresso

Em outra frente, o governista e líder do PCdoB na Câmara, Márcio Jerry (MA), prevê um ano de boa gestão para o Legislativo, em uma condução que atenda à diversidade entre os parlamentares.

“O processo que foi construído resultou na ampla coalizão, o que sinaliza um ano bom no que diz respeito ao trabalho legislativo, porque isso sugere um ambiente bom, positivo, dentro da diversidade de Casa”, disse. “Acho que o futuro presidente tem tudo para fazer uma gestão muito marcante”, completou.

Presidente da Bancada Evangélica na Câmara, o deputado Silas Câmara (Republicanos-AM) explicou que espera de Motta “equilíbrio, diálogo e relacionamento racional entre os Poderes”.

Fonte: R7

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