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sábado, 4 de janeiro, 2025
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Expectativas para o crédito em 2025: crescimento de 9%, com desafios pela frente

No campo fiscal, a pesquisa dos bancos registra que, para 66,7% dos entrevistados, o pacote aprovado no Congresso deve ter uma economia entre R$ 40 bi e R$ 55 bi nos próximos dois anos

O crédito em 2025 deverá crescer 9%, com a carteira de recursos livres apresentando uma expansão de 8,3% e a direcionada de 9,7%, conforme a Pesquisa de Economia Bancária e Expectativas da Febraban, realizada entre os dias 17 e 20 de dezembro com 19 bancos. Apesar do crescimento projetado, a pesquisa indica uma desaceleração no ritmo de expansão em comparação com 2024, que deverá encerrar com uma alta de 10,5%.

Os dados de 2024 mostram um avanço significativo na faixa de dois dígitos do crédito, impulsionado pela redução dos juros no primeiro semestre, pelo controle da inadimplência, aumento da renda das famílias e a recuperação do crédito para empresas, além da implementação de novos programas públicos. A carteira com recursos livres, que contempla empréstimos para famílias e empresas, deve registrar um crescimento de 10,1% entre janeiro e dezembro de 2024, uma revisão positiva em relação ao 9,9% apontado pela pesquisa de novembro.

Entre as revisões, a expectativa de crescimento da carteira livre para empresas passou de 8,5% para 8,7%, enquanto a destinada às famílias subiu de 11,1% para 11,3%. Para a carteira com recursos direcionados, a projeção foi levemente reduzida de 11,7% para 11,4%, devido à revisão da expansão do crédito para empresas, que passou de 10,7% para 10%. No entanto, o crédito direcionado para famílias foi ajustado para cima, de 11,9% para 12,0%.

Previsões para 2025

Em relação a 2025, as projeções indicam um cenário mais desafiador. O crescimento do crédito deve acomodar-se a 9%, uma leve redução em relação à previsão anterior de 9,3%. Esse ajuste se deve à piora nas expectativas sobre a política monetária e o cenário macroeconômico. A revisão para baixo foi mais acentuada para a carteira de recursos livres, que passou de 9,2% para 8,3%, enquanto a carteira direcionada teve uma alteração menor, permanecendo em 9,7% (ante 9,8%).

Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban, avalia que, embora a desaceleração seja natural diante do cenário econômico mais apertado, o crescimento de crédito projetado ainda é considerável, especialmente se o cenário fiscal se estabilizar e os indicadores econômicos apresentarem resultados positivos.

Expectativa para Inadimplência e Taxa Selic

A pesquisa também aponta para uma ligeira piora na taxa de inadimplência, que deve fechar 2024 em 4,5%, ligeiramente acima dos 4,3% registrados em novembro. Para 2025, a previsão é de que a inadimplência na carteira livre suba para 4,7%. “As instituições financeiras já veem um cenário mais negativo para a inadimplência no próximo ano, especialmente em função da alta dos juros e das condições mais restritivas”, complementa Sardenberg.

Quanto à política monetária, a expectativa é de que o Comitê de Política Monetária (Copom) eleve a taxa Selic para além de 14,25% ao ano no atual ciclo de aperto monetário, com a maioria dos analistas (84,2%) prevendo uma alta até 15,0% em junho de 2025. No entanto, 52,6% dos entrevistados esperam que o ciclo de aperto seja seguido por um de flexibilização ainda em 2025.

Expectativas para a Economia: PIB, Inflação e Câmbio

No cenário econômico, a maioria dos participantes da pesquisa (57,9%) espera que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerre 2025 acima de 4,5%, o que ultrapassaria o teto da meta de inflação, impulsionado por fatores como uma atividade econômica aquecida e um mercado de trabalho apertado. Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), metade dos entrevistados prevê um crescimento de 2,0% em 2025.

A expectativa para o câmbio também se mostra em alta. A pesquisa aponta uma projeção de que a taxa de câmbio se mantenha próxima de R$ 6,00 no curto prazo, com uma apreciação gradual, alcançando R$ 5,90 em julho de 2025.

Corte de Gastos e Política Fiscal

No campo fiscal, 66,7% dos analistas estimam que o pacote de corte de gastos aprovado no Congresso possa gerar uma economia entre R$ 40 bilhões e R$ 55 bilhões nos próximos dois anos, o que pode ajudar a consolidar a trajetória fiscal do país.

Política Monetária nos EUA e Expectativas Globais

Sobre a política monetária internacional, 57,9% dos analistas acreditam que o Federal Reserve (FED) continuará com os cortes de juros em 2025, levando as taxas para o intervalo de 3,75% a 4,00% ao ano, o que pode ter repercussões no mercado financeiro global e influenciar a dinâmica econômica no Brasil.

A íntegra da pesquisa está disponível para consulta, aqui.

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