O “futebol” de Mato Grosso do Sul, tem o que se pode considerar, o sultão ou rei na direção da modalidade regional, pois tem um presidente da FFMS (Federação de Futebol de MS) ad eterno, apesar da anuência dos dirigentes dos “clubes” de MS, que o elegem e reelegem a cerca de três décadas. Assim, a história um dia podia chegar em caso de polícia e chegou em acusações de corrupção na direção da entidade, que estariam sendo apuradas a quase dois anos e é calculada em R$ 6 milhões de desvios.
A introdução desta matéria leva ao que aconteceu na manhã desta terça-feira (21), um ‘Cartão Vermelho’, denominada operação deflagrada pelo MPE-MS (Ministério Publico de MS), via seu Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), que após denuncias e investigações preliminares, tem como alvo a Federação de Futebol de MS.
O Gaeco ainda não divulgou informações mais detalhadas da operação, mas que cumpre mandados de busca e apreensão na sede da FFMS, na Rua 26 de Agosto, e na casa do presidente da Federação, Francisco Cezário. Ele está no comando da Federação há quase 30 anos, estando no sétimo mandato à frente da instituição. Cezário só deixou o cargo, com ele no topo, por oito anos, quando foi prefeito de Rio Negro.
Conforme as preliminares saída do Gaeco, a ‘Cartão Vermelho’, na manhã de hoej, tem como objetivo desbaratar uma organização criminosa voltada à prática de peculato e demais delitos na Federação de Futebol de estadual.
Defesa já se manifestou
A defesa de Cezário já saiu a ‘jogo’ e se manifestou dizendo que os esclarecimentos serão prestados oportunamente, pois agora são só fatos de um lado. “Nessa fase, qualquer investigação é sempre unilateral; logo ela será submetida ao necessário contraditório. Devemos aguardar os esclarecimentos, que serão prestados, oportunamente”, diz a nota assinada pelos advogados André Borges e Julicezar Barbosa.
As acusações
Segundo uma investigação do MPE-Gaeco, ao todo, A FFMS pode ter tido valores desviados, no período de setembro de 2018 até fevereiro de 2023, que superaram a casa dos R$ 6.000.000,00 (seis milhões de reais).
De acordo com Gaeco, durante 20 meses de investigação, foi constatado que se instalou, na Federação de Futebol de MS, uma organização criminosa, cujo principal objetivo era desviar valores, sejam provenientes do Estado de Mato Grosso do Sul (via convênio, subvenção ou termo de fomento) ou mesmo da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), em benefício próprio e de terceiros.
“Uma das formas de desvio era a realização de frequentes saques em espécie de contas bancárias da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul – FFMS, em valores não superiores a R$ 5.000,00 (cinco mil reais), para não alertarem os órgãos de controle, que depois eram divididos entre os integrantes do esquema”, diz nota do MPE.
Os investigadores identificarão que os integrantes da organização criminosa realizaram mais de 1.200 (um mil e duzentos) saques, que ultrapassaram o montante de R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais).
A organização criminosa também possuía um esquema de desvio de diárias dos hotéis pagos pelo Estado de MS em jogos do Campeonato Estadual de Futebol.
“Esse esquema de peculato estendia-se a outros estabelecimentos, todos recebedores de altas quantias da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul. A prática consistia em devolver para os integrantes do esquema parte dos valores cobrados naquelas contratações (seja de serviços ou de produtos) efetuadas pela Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul”, informa o Gaeco.