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quinta-feira, 14 de novembro, 2024
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Grupo de Dourados, Brô MC’s, se apresenta nesta quinta no Latin Grammy

Os douradenses tocarão música Jaraha, juntamente com Alok na Premiere do maior evento da música latina do mundo

Nesta quinta-feira (14) na Premiere do Latin Grammy em Miami (EUA), o Brô MC’s sobe ao palco, rompendo fronteiras e levando a cultura indígena brasileira ao maior evento da música latina mundial. O grupo, que carrega as vozes e lutas das aldeias Jaguapiru e Bororo, de Dourados, apresenta a canção “Jaraha” em colaboração com o DJ Alok.

Para Kelvin Mbaretê, integrante do grupo, essa performance significa mais do que fama ou reconhecimento: é uma “demarcação de território”. Ele vê a oportunidade como um passo essencial para que os povos indígenas do Brasil tenham voz e espaço em palcos globais, locais que, tradicionalmente, nunca foram pensados para eles. “É uma vitória para nós, indígenas, especialmente para meu povo Guarani e Kaiowá. Estar aqui é mostrar que temos muito a dizer, que nossa cultura é rica, e que temos uma voz potente no cenário global”, afirma Kelvin.

“Jaraha” é uma música que faz parte do projeto “O Futuro é Ancestral”, que simboliza a união entre a música eletrônica e as tradições culturais indígenas do Brasil. Com este projeto, Alok recebeu duas indicações ao Grammy Latino, com as músicas “Drum Machine”, colaboração com o DJ Pickle e Pedju Kunumigwe, parceria com os Guarani Nhandewa.

Quebrando protocolos, já que normalmente somente apresentam músicas que concorrem aos prêmios,  a apresentação de “Jaraha” vai além de um espetáculo musical: é um manifesto. A canção foi escrita para trazer à tona a realidade, a luta e o orgulho de um povo. Kelvin destaca: “Nossa música fala de resistência, da batalha dos povos originários, e como, mesmo enfrentando tantas adversidades, seguimos firmes. ‘Jaraha’ é uma canção de motivação e resiliência, mostrando que conseguimos, que chegamos onde muitos nem imaginaram”.

Para CH MC, outro integrante do grupo, a mensagem que desejam transmitir é clara: é preciso enxergar os povos indígenas com novos olhos. “Estamos aqui para dizer ao mundo que nossa luta, nossa história e nossa cultura são essenciais. Queremos que todos entendam nossa realidade e o que enfrentamos diariamente, e que nossa existência seja reconhecida e respeitada”, compartilha CH MC, com a mesma convicção e esperança que a música “Jaraha” carrega.

A performance no Latin Grammy representa para o Brô MC’s um grito de resistência e identidade, abrindo espaço para que a música indígena seja celebrada e respeitada ao lado dos maiores artistas internacionais. Em suas letras, o grupo funde o rap com elementos da ancestralidade, criando uma narrativa única e essencial.

“Estar no palco do maior evento de música latina é uma enorme vitória”, celebra Kelvin. “Estar ao lado de nossos ídolos é uma chance única de levar a voz do nosso povo para aqueles que talvez nunca tivessem ouvido. Isso é um marco não só para o Brô MC’s, mas para todos os povos indígenas”.

Com essa apresentação histórica, o Brô MC’s reforça o compromisso de manter viva a cultura e o talento indígena, mostrando que, mesmo em meio a lutas, há espaço para suas vozes, suas histórias e sua arte no cenário global.

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