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HOMEM DE NOME SAMUEL RESSUSSITA APÓS 2 ANOS DE ENTERRADO

16/02/2015 12h00

HOMEM DE NOME SAMUEL RESSUSSITA APÓS 2 ANOS DE ENTERRADO

Universo Curioso

O bairro Kungo a Yenguele, no Soyo, província do Zaire, entrou em polvorosa quando se soube do regresso de Samuel João Inês, que “morreu” a 31 de Julho de 2012, às 20h25, como atesta o certificado de óbito, emitido pelo Hospital Municipal do Soyo.

O certificado de óbito, ao qual o Jornal de Angola teve acesso e cuja autenticidade foi confirmada pelo director clínico do Hospital Municipal do Soyo, Garcia Diwampovessa, indica que Samuel João Inês morreu aos 24 anos, vítima de contusão cerebral e fractura da base craniana, decorrentes de um acidente de viação que envolveu duas motorizadas.

Os familiares disseram à reportagem do Jornal de Angola que, após a notícia do acidente e confirmada a morte de Samuel João Inês, foram cumpridos os trâmites legais para o seu enterro, que aconteceu no dia 2 de Agosto, pelas 10h00, no cemitério da comuna de Sumba, a 34 quilómetros do Soyo.
O funeral foi testemunhado pela mãe, e pela viúva Minga, que se recusa agora a viver com o “morto que já chorei”

No dia 30 de Julho, Samuel João Inês foi reconhecido por um parente na via pública. “Perguntei-lhe onde esteve até agora e ele disse que foi trabalhar para uma fazenda, no Uíje”.

Este é o verdadeiro Samuel Inês: “ele tem nas costas uma marca de nascença e eu vi essa marca”, garante a mãe. Minga também confirma que este “Samuel” tem nas costas a mesma marca do falecido marido. No Soyo não se fala até hoje de outra coisa. A notícia espalhou-se rapidamente. A incredulidade reina na cabeça das pessoas. Em frente à casa de um tio de Samuel João Inês, onde ele se encontra hospedado, no Bairro 1º de Maio, inúmeras pessoas passam por lá na ânsia de verem um “morto que voltou”.

Samuel João Inês contou à nossa reportagem que no dia do acidente foi socorrido pela “mayombola”, através de um “grupo de pessoas do outro mundo” e levado para o Uíge, onde foi submetido a tratamento e curado das lesões cranianas.

“Como forma de agradecimento, fiquei a trabalhar na lavra dos meus salvadores e só agora consegui voltar a casa”, diz Samuel João Inês. Mas também garante que “nunca morri nem ­sequer estive internado no Hospital Municipal do Soyo. Isto são truques da mayombola, é difícil de entender”, conta o jovem. E revela que na fazenda onde esteve durante os dois anos, estão mais 24 pessoas que desejam regressar ao convívio familiar.

O soba Salomão Kosi, do Bairro 1º de Maio, Zona C, garantiu à nossa reportagem que na “mayombola” os mortos são levados para outras regiões, a fim de trabalharem nas lavras ou como feiticeiros. Mas trata-se de uma crença popular, que nada tem a ver com a realidade. Os familiares reconhecem que Samuel João Inês é mesmo este jovem que agora regressou.

Mas não sabem explicar quem foi enterrado no cemitério da comuna de Sumba. Este não foi, com toda a certeza. O director clínico do Hospital Municipal do Soyo, Garcia Diwampovessa, confirma: “fui eu que dei o parecer médico nos documentos oficiais, atestando a
morte de Samuel João Inês. E é impossível alguém ressuscitar”.

O jurista Evaristo Gonga, do Tribunal Municipal do Soyo, disse que, do ponto de vista forense, é impossível este Samuel João Inês ser o que foi enterrado: “e é fácil confirmar, basta ir ao cemitério e verificar se o caixão está vazio”. Evaristo Gonga diz que só pode ter havido troca de cadáveres: “o indivíduo encontrado no dia do acidente não era Samuel João Inês”.

O teólogo João Mota Fernandes, pastor da Igreja Metodista Unida, garante que o jovem Samuel João Inês não ressuscitou porque “só Jesus Cristo, o filho unigénito de Deus, fez o milagre da ressurreição durante a sua estada na terra. Todos os homens estão destinados a morrer uma só vez”.

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