Em depoimento ao delegado Guilherme Tiago de Andrade, em Amambai, o homem de 51 anos que confessou assassinar a própria esposa, de 54, em crime cometido na frente dos filhos de 11 e nove anos, disse que não estava mais aguentando ser pressionado pela vítima para conseguir um emprego.
O responsável pelo caso detalhou que o autor estava desempregado há algum tempo e não estava conseguindo um serviço. Na sua justificativa, a mulher começou a tratá-lo de forma diferente e até mesmo a sair de casa sem dar satisfação, inclusive, na última ocasião, trancou a porta e o deixou para fora, juntamente com as crianças.
“Quando ela chegou não disse onde tinha ido e iniciaram uma discussão. Segundo ele, ela teria avançado nele com uma faca e ele se defendeu”, esclareceu o delegado, entretanto, para ele, essa versão é mentirosa, levando em consideração o cenário encontrado na residência. O casal não tinha histórico de violência doméstica.
Guilherme pontuou que o autor se sentiu inseguro devido a sua condição financeira e teve um momento de muita raiva. “Depois se arrependeu, mas não teve coragem de se matar. Se matar com uma faca é algo muito difícil de se fazer”, destacou o delegado em coletiva de imprensa. Ele também citou que as crianças não foram ouvidas.
O autor foi preso em flagrante pelo crime de feminicídio e já passou por audiência de custódia, tendo a prisão convertida em preventiva e encaminhado ao presídio de Amambai, onde aguardará pelo julgamento do caso. As crianças foram recolhidas pelo Conselho Tutelar e encaminhadas para familiares.
O caso
O crime aconteceu na noite de segunda-feira (23). A ocorrência conta que a criança de 11 anos ligou para a Polícia Militar denunciando os fatos, informando que o padrasto tinha esfaqueado a sua mãe e se trancado em um dos quartos da casa com ela.
Quando os militares chegaram ao local, a menina mais velha estava em frente, já aguardando pela viatura. De imediato, a equipe escutou os gritos de socorro e forçaram a porta para entrar, momento em que viram a mulher na cama, ensanguentada.
O autor estava sentado, encostado na parede, com duas perfurações de faca no tórax. Ele segurava a faca contra o próprio pescoço e também contra o abdômen, afirmando que iria se matar. Diante disso, os policiais passaram a negociar com ele a soltura da faca.
Como não houve acordo, os militares acertaram um tiro de borracha na mão em que ele segurava a faca, fazendo com que o instrumento caísse. Rapidamente outros policiais conseguiram pegar a faca dele e fazer o resgate.
Apesar dos esforços do Corpo de Bombeiros, a mulher não resistiu e faleceu ainda na cama. O marido dela foi levado para o hospital, sob escolta policial. A perícia apontou que ela foi atingida por pelo menos nove facadas.
