O município de Dourados, no Mato Grosso do Sul, poderá se tornar o primeiro do Brasil a contar com um Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) voltado exclusivamente à população indígena. O anúncio sobre a possível visita do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, para impulsionar o projeto foi feito pelo prefeito Marçal Filho (PSDB), durante evento que marcou os 100 dias de sua gestão, realizado na última quinta-feira (10), no Centro Administrativo Municipal.
A criação do Samu Indígena visa atender de forma ágil e eficaz cerca de 13 mil pessoas que vivem nas aldeias Bororó e Jaguapiru, localizadas na Reserva Indígena de Dourados. Apesar de uma ambulância já ter sido disponibilizada pelo Governo Federal, o serviço ainda não foi ativado por falta de uma base operacional. O veículo permanece estacionado em Campo Grande, à espera de definição sobre a estrutura necessária.
“O ministro da Saúde deve vir a Dourados e marcará o início da operação do Samu Indígena. O que cabe à prefeitura é a base, que ainda não temos, mas vamos utilizar a estrutura da Missão Evangélica Caiuá”, informou o prefeito.
O projeto, inédito no país, começou a ser discutido em fevereiro deste ano, quando técnicos do Ministério da Saúde estiveram na cidade para avaliar a viabilidade da iniciativa. Desde então, as tratativas avançaram, e a prefeitura solicitou oficialmente um prazo de 180 dias ao governo federal para viabilizar a instalação da base.
O secretário municipal de Saúde, Márcio Grei Alves Vidal de Figueiredo, informou que as negociações para uso da estrutura da Missão Caiuá estão bem encaminhadas. “No início do ano, a Missão havia dito que não tinha interesse por não saber de onde viria o custeio. Mas ontem mesmo estive lá e já temos uma sinalização positiva para elaborar um acordo de cooperação técnica”, explicou. Ele destacou ainda que, ao contrário da gestão anterior, que passou um ano e meio sem avanços significativos, a atual administração conseguiu em apenas três meses mobilizar o Ministério da Saúde e dar início às tratativas para tornar o projeto realidade.
O deputado federal Geraldo Resende (PSDB) também tem acompanhado de perto a situação e chegou a acionar o Ministério Público Federal (MPF) para garantir a celeridade na implantação do Samu Indígena. “Os indígenas da Reserva de Dourados precisam desse serviço com urgência. Eles não podem mais esperar”, afirmou o parlamentar.
Com previsão inicial de lançamento em agosto de 2024, o projeto sofreu atrasos, mas agora ganha fôlego com o possível envolvimento direto do ministro Padilha. A expectativa é de que, com a base instalada dentro da área indígena, o serviço proporcione respostas rápidas em casos de emergência e se torne modelo para outras regiões do país com grande população indígena.
Caso a implantação não ocorra nos próximos meses, há o risco de a ambulância ser destinada a outro município, o que reforça a importância do compromisso entre as esferas municipal, estadual e federal para garantir a execução do projeto.