Maior pressão é da conta de luz, que teve desconto em janeiro
A prévia da inflação no mês de fevereiro ficou em 1,23%, o maior índice desde abril de 2022 (1,73%). O avanço do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) foi impulsionado principalmente pelo aumento da conta de luz. Em janeiro, a prévia da inflação havia sido de apenas 0,11%.
Comparando apenas os meses de fevereiro, o resultado deste ano é o maior desde 2016, quando o IPCA-15 registrou 1,42%. No mesmo período do ano passado, a prévia da inflação havia sido de 0,78%. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (25), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No acumulado dos últimos 12 meses, o IPCA-15 soma 4,96%, ultrapassando a meta do governo, que tem um teto de 4,5%. Em janeiro, esse acumulado estava no limite da meta.
Conta de luz impulsiona inflação
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, sete apresentaram alta. O maior impacto veio do grupo habitação, que subiu 4,34% e contribuiu com 0,63 ponto percentual (p.p.) no IPCA-15. O destaque negativo foi a conta de luz, que aumentou 16,33%, refletindo diretamente no índice com um impacto de 0,54 p.p.
Esse aumento expressivo na tarifa de eletricidade pode ser explicado pelo chamado Bônus Itaipu, um desconto aplicado às contas de luz em janeiro, reduzindo o custo da energia em 15,46% naquele mês. Como o desconto não se repetiu em fevereiro, a base de comparação mais baixa resultou em um aumento expressivo da tarifa.
Reajuste de mensalidades escolares pesa no orçamento
Outro fator que pressionou a inflação em fevereiro foi o grupo educação, que registrou alta de 4,78%, impactando o índice em 0,29 p.p. Esse aumento se deve aos reajustes nas mensalidades de cursos regulares, comum no início do ano letivo.
As maiores variações foram observadas no ensino fundamental (7,50%), ensino médio (7,26%) e ensino superior (4,08%). Apesar da alta percentual superior ao grupo habitação, a influência do setor na inflação foi menor devido ao peso relativo no orçamento das famílias.
Alimentos e combustíveis também sobem
O grupo alimentação e bebidas registrou alta de 0,61%, uma desaceleração em relação a janeiro (1,06%). O destaque foi o aumento do preço do café moído, que ficou 11,63% mais caro e foi o subitem que mais pressionou o grupo (0,06 p.p.).
No setor de transportes, a inflação foi de 0,44%, com impacto de 0,09 p.p. Os combustíveis subiram 1,88%, puxados pelo etanol (3,22%), diesel (2,42%) e gasolina (1,71%). Em contrapartida, as passagens aéreas tiveram queda de 20,42%, ajudando a conter um aumento maior do índice geral.
Comportamento dos grupos pesquisados:
- Alimentação e bebidas: 0,61%
- Habitação: 4,34%
- Artigos de residência: 0,38%
- Vestuário: -0,08%
- Transportes: 0,44%
- Saúde e cuidados pessoais: 0,54%
- Despesas pessoais: 0,01%
- Educação: 4,78%
- Comunicação: -0,06%
O que é o IPCA-15?
O IPCA-15 é um índice que segue a mesma metodologia do IPCA, utilizado como referência oficial para a meta de inflação do governo. A diferença é que seus dados são coletados antes do fim do mês, servindo como uma prévia do comportamento dos preços.
A coleta de fevereiro foi realizada entre 15 de janeiro e 12 de fevereiro. O índice abrange famílias com renda entre um e 40 salários mínimos e é calculado em 11 regiões metropolitanas do país. Já o IPCA, que será divulgado em 12 de março, cobre 16 regiões, incluindo mais cidades no levantamento.