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quarta-feira, 5 de fevereiro, 2025
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Inflação dos alimentos segue em alta e preocupa impacto no bolso dos consumidores

A alta dos alimentos no Brasil em 2024 foi influenciada por uma combinação de fatores como condições climáticas adversas, aumento da demanda impulsionado pela melhoria do emprego e da renda, além da desvalorização cambial, que resultou em um crescimento das exportações de produtos alimentícios. De acordo com o economista Matheus Dias, do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), a tendência é que a inflação continue acelerando em 2025.

“No curto prazo, não enxergo perspectivas de melhoras nos preços para o consumidor. É algo que a gente vai ter que acompanhar ao longo do ano”, alerta Dias.

O grupo de alimentação e bebidas foi responsável por um terço da inflação de 2024, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), do IBGE. Os preços dos alimentos subiram 7,69%, enquanto a inflação geral cresceu 4,83%. O aumento da carne chegou a 20,84%, registrando a maior alta desde 2019.

Pressão sobre os preços continua em 2025

No início de 2025, o excesso de chuvas em regiões produtoras afetou a oferta de hortifrútis, agravando a pressão inflacionária. Além disso, o aumento do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre os combustíveis e o reajuste do diesel encarecem o transporte de mercadorias, elevando ainda mais os custos para os consumidores.

As previsões do mercado financeiro para a inflação em 2025 estão em alta há 16 semanas consecutivas, alcançando 5,51%, conforme divulgado pelo Boletim Focus do Banco Central. O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC reconheceu que o alto preço dos alimentos deve persistir, com risco de novo estouro da meta de inflação.

Dólar elevado e exportação fortalecida

A desvalorização do real frente ao dólar tem contribuído para a alta dos alimentos, uma vez que muitas commodities, como carne, milho e soja, são negociadas no mercado internacional. Mesmo que a soja não seja consumida diretamente pela população, ela tem um papel fundamental na pecuária, impactando os preços das carnes bovina e de aves.

“A expectativa é que o preço da carne continue em patamar elevado devido à inversão do ciclo da pecuária, que reduzirá a oferta”, explica Dias. “O dólar forte também favorece as exportações, pressionando os preços no mercado interno”.

Impacto dos juros e estratégias para o consumidor

A alta dos juros também pode afetar a inflação pelo canal do crédito, reduzindo o consumo e freando a demanda. No entanto, o efeito sobre os preços dos alimentos tende a ser limitado, pois muitos desses produtos dependem de fatores externos, como o clima e a taxa de câmbio.

Diante desse cenário, especialistas recomendam que os consumidores busquem alternativas para driblar os aumentos. “A solução é se ajustar à alta dos preços, procurando marcas e estabelecimentos que ofereçam melhores condições”, aconselha Dias.

Possíveis soluções do governo

O governo federal tem estudado medidas para conter a inflação dos alimentos, mas enfrenta desafios estruturais. Políticas de controle de preços são vistas como insustentáveis a longo prazo, já que os custos podem se tornar elevados e gerar desequilíbrios fiscais.

“Os alimentos são muito sensíveis às condições climáticas, especialmente os in natura, como batata e hortaliças, que não passam por processamento industrial. A principal solução para estabilizar os preços é contar com condições climáticas mais favoráveis”, finaliza o economista.

A expectativa é que, ao longo de 2025, a inflação mantenha-se em níveis elevados, exigindo atenção redobrada por parte dos consumidores e decisores políticos.

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