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quarta-feira, 25 de dezembro, 2024
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Jejum intermitente aumenta a compulsão alimentar, diz estudo da USP

Pesquisadores avaliariam os efeitos colaterais do jejum em estudantes universitários e perceberam o aumento de comportamentos alimentares desordenados, com desejos intensos por comida

O jejum intermitente é uma “dieta” amplamente difundida nas redes sociais como algo simples de se reproduzir, apesar da falta de evidências científicas sólidas sobre sua eficácia e segurança. Diversos estudos, na realidade, mostram os problemas dela, incluindo um mais recente, realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo, mostram os riscos desse comportamento alimentar.

Feita com estudantes da própria universidade, a pesquisa mostrou como pessoas que relataram jejuns nos últimos três meses antes da entrevista apresentaram um aumento de compulsão alimentar e desejo por comida. “Aqueles com episódios severos de compulsão tiveram uma taxa 140% maior de horas de jejum em comparação aos não compulsivos. Além disso, a cada aumento na escala de desejo por comida, houve aumento também nas horas de jejum”, detalha Jônatas de Oliveira, autor do estudo, em entrevista ao Jornal da USP.

Para chegar a esta conclusão, Oliveira e sua equipe avaliaram 458 estudantes da USP, incluindo pessoas que praticaram e não jejum nos três meses anteriores. Foi realizada uma entrevista online que comparou comparou níveis de restrição cognitiva, compulsão alimentar, desejos por comida e consumo de alimentos “proibidos”. Então, um modelo foi utilizado para examinar a associação entre horas de jejum e traços de alimentação desordenada. Eles chegaram aos seguintes resultados:

  • A taxa de horas de jejum praticadas é 115% maior entre os comedores compulsivos em comparação com aqueles que não comiam compulsivamente;
  • A taxa de horas de jejum é 29% maior em participantes com compulsão alimentar moderada, aumentando para 140% em pessoas com compulsão alimentar grave;
  • Já ao verificar desejos por comida, a taxa de horas foi 2% maior para cada aumento na unidade da escala.

É importante reforçar que o estudo não realizou diagnósticos de transtorno alimentar, já que isso deve ser feito com uma entrevista clínica. Mas foi possível entender o nível de compulsividade. “Dentro do espectro da compulsividade, existe a compulsão com baixo peso, a compulsão junto com a purgação e há ainda a compulsão isolada. É como se fossem categorias de um possível diagnóstico de transtorno alimentar”, diferencia Oliveira.

Fonte: CNN

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