Com o intuito de contribuir com o processo de alfabetização de crianças, pesquisadores da Faculdade de Computação (Facom) em parceria com a Faculdade de Educação desenvolveram um jogo digital educativo e lúdico com o tema Pantanal.
A ideia para o projeto surgiu em 2023, a partir da experiência do Programa de Educação Tutorial (PET) Sistemas. Os pesquisadores também levaram em consideração a incidência de diagnósticos de transtorno do déficit de atenção com hiperatividade e do transtorno do espectro autista em crianças, o que dificulta o aprendizado nos anos iniciais de alfabetização.
“Também constatamos que existiam diversas pesquisas sobre jogos educacionais, cujo principal intuito é facilitar a apresentação e fixação de conceitos das diferentes áreas do conhecimento, colaborando para o processo de ensino e aprendizagem. No entanto, muitos desses jogos não são digitais”, explica a professora da Facom e coordenadora do projeto, Maria Istela Cagnin.
O jogo, denominado Pantanal World, oferece atividades relacionadas à alfabetização básica, como relacionar palavras e imagens e formar palavras a partir de sílabas. As atividades são separadas por temas do Pantanal e apresentam diferentes níveis de dificuldade. A professora também explica que a escolha por assuntos relacionados ao bioma surgiu a fim de aproveitar a oportunidade para disseminar o conhecimento sobre a fauna e a flora pantaneira.
A primeira versão do jogo foi avaliada pela pedagoga Abigail Astofe, que possui especialização em Educação Especial na Educação Básica. A partir das considerações da profissional, foram realizadas alterações como a utilização de letras em caixa alta e a inclusão de sons ao movimentar cada sílaba e formação de palavras.
“O jogo é excelente para crianças em período de alfabetização. Na primeira versão do jogo, sugeri que as letras fossem alteradas para letras bastão, pois facilitam o processo de aprendizagem neste início. A tecnologia pode ser uma aliada valiosa oferecendo diversas ferramentas e recursos que podem melhorar a experiência de ensino e aprendizagem. Além do que se pode usar de qualquer hora e lugar, adaptada aos alunos e ao ambiente escolar e promovendo maior envolvimento, interação e familiaridade com a tecnologia”, explica Abigail.
Com as mudanças, foi produzida a segunda versão do jogo, incluindo mais um nível de dificuldade. Atualmente, os membros do PET Sistemas estão trabalhando na terceira versão do Pantanal World, na qual serão inseridos níveis de dificuldade e o tema inédito sobre frutas da região, como o pequi e a guavira.
“As crianças aprendem gradativamente a formação de palavras, desde as simples até as mais complexas, de maneira lúdica. O jogo é destinado para aqueles que estão em suas fases iniciais de alfabetização. Portanto, o objetivo do projeto é atingir também jovens com dificuldade de aprendizagem. Assim, não há definição de faixa etária, uma vez que o jogo pode ser utilizado, inclusive, por adultos”, destaca a professora.
As próximas metas da equipe são finalizar a nova versão e possibilitar a divulgação e utilização em escolas públicas e privadas de Campo Grande, com intuito de obter avaliações do público-alvo e a evolução do jogo.
A iniciativa ainda possibilita experiências que contribuem com a jornada acadêmica dos estudantes da Universidade. Para a professora Maria Istela, o desenvolvimento de jogos digitais também é um instrumento de aprendizagem para os futuros profissionais. “Auxilia no processo de ensino-aprendizagem em programação e em diversas etapas do desenvolvimento de software. Ademais, projetos desse tipo, podem despertar o interesse dos estudantes participantes em atuar como empreendedores ou desenvolvedores no nicho de mercado de jogos educacionais digitais. O projeto busca também promover a empatia, a cidadania e a multidisciplinaridade por meio da construção de soluções tecnológicas”, pontua.
Esse é o caso da estudante do curso de Engenharia de Software Maria Colombo. “A minha participação nesse projeto abriu minha mente para diferentes formas de utilizar a minha formação. Afinal, nos dias atuais, a evolução tecnológica está em todos os âmbitos do cotidiano e é muito importante que encontremos maneiras de nos adaptar a ela, além da necessidade de que cada vez mais profissionais se atentem a isso”, conclui.
