29.8 C
Campo Grande
sábado, 11 de janeiro, 2025
spot_img

Jornalistas falam sobre seu “Dia” e desafios da profissão

07/04/2015 13h00

Jornalistas falam sobre seu “Dia” e desafios da profissão

Ele entra no trabalho, mas não sabe se almoça ou que horário chegará em casa. Os finais de semana e domingos se tornam dias úteis e a vida ‘social’ praticamente nula. Essa é a rotina dos jornalistas, profissionais que lutam diariamente para levar informação à população.

Na data em que é comemorada o dia desse trabalhador, fomos atrás de alguns profissionais no município que contribuem para que a notícia chegue com credibilidade e da maneira correta às pessoas, faça sol ou chuva, de dia ou de noite, enfrentando situações que colocam a própria vida em risco.

O repórter Osvaldo Duarte é um desses.

Ele trabalha no Dourados News há 14 anos e além de sair escoltado por policiais militares de dentro de um estádio de futebol, chegou a dormir na PED (Penitenciária Estadual de Dourados), na época Phac (Penitenciária Harry Amorim Costa), durante rebelião. O fato ocorreu em 2006.

“São várias situações complicadas que passamos ao longo da nossa profissão. Trabalho há 20 anos com reportagem e enfrentei alguns apuros, entre eles sair escoltado pela polícia num jogo do estadual em 1998. Mas, a que mais marcou foi durante a rebelião da Máxima em 2006, fui um dos primeiros a chegar e acabei dormindo dentro do presídio. Não sabia exatamente o que acontecia. O clima era de tensão e muita gritaria”, recorda.

Quem também passou por maus bocados é Eduardo Palomita, atualmente na Grande FM. “Cheguei a ficar durante oito horas refém de índios num confronto por terra na região de Iguatemi junto com outros colegas de profissão. Na época acompanhei antropólogos da Funai. Foi difícil, porque eles falavam em guarani que me matariam, como eu entendo da língua, imagine como fiquei? Essa foi uma das muitas aventuras”, relata.

Para o presidente do Sinjorgran (Sindicato dos Jornalistas da Grande Dourados), Luis Carlos Luciano, o fato de se trabalhar com jornalismo no interior é bastante complicado, já que muitas vezes o fato ‘abala’ relações e as transforma em mais obstáculos para se superar.

“Fazer jornalismo no interior, numa cidade como Dourados, tem particularidades especiais porque aqui o jogo de influência é pesado e a cidade ainda é pequena, as pessoas se conhecem”, comenta.

RESPONSABILIDADE COM O CIDADÃO

Além das aventuras, a responsabilidade em levar a informação com credibilidade para a população é o que motiva os profissionais na data. Para Henrique de Matos, formado na primeira turma do curso de Jornalismo em 2007 e que atua há 12 anos na área, a profissão tem um papel importantíssimo para o desenvolvimento da sociedade.

“A data importante para refletirmos sobre a importância do Jornalismo para desenvolvimento de uma sociedade e sobre o compromisso moral e ético firmado por cada um dos profissionais que escolheram essa atividade como meio de vida”, conta.

A opinião dele é seguida por Luis Carlos Luciano, principalmente pelo trabalhador mexer em ‘vespeiros’. “A gente vive mexendo em vespeiros. Vejo este dia como uma data para reflexão e para repensarmos melhor sobre a nossa postura no dia-a-dia como jornalista. Reflexão no sentido de que precisamos de maior engajamento e união para avançarmos em melhorias para a profissão”, afirma.

Já para João Carlos Torraca, editor do caderno região no Diário MS e titular da coluna Café Amargo do Dourados News, o jornalista é o ‘sentido’ da sociedade.

“Todos os profissionais de comunicação são os olhos e ouvidos da sociedade, ele carrega as informações. O jornalista exerce uma função social importante, que exige responsabilidade e discernimento”, contou.

RECONHECIMENTO DA PROFISSÃO

Além da luta diária vivida pelos profissionais da área para checagem e apuração de fatos que chegam ao ouvinte, leitor ou telespectador, o reconhecimento pela profissão é outra busca dos jornalistas.

Tramitando no congresso, a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que institui a obrigatoriedade do diploma para se exercer a profissão ainda não foi votada e recentemente foi alvo de pedidos da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) para as bancadas no Congresso Nacional.

Em Dourados, o Sinjorgran realiza o trabalho junto aos deputados federais do Mato Grosso do Sul para que a proposta seja aprovada.

“Acho que não só a valorização financeira é importante para o jornalista, mas também a profissional. Que os deputados possam entender isso e votar essa PEC favoráveis. Precisamos ser fortes também”, relata Osvaldo Duarte.

O depoimento também é seguido pelo jornalista Fábio Dorta, que inclui outras questões na ‘pauta’.

“Essa data representa um momento de reflexão, primeiro sobre a importância e os limites da nossa profissão e, segundo, de luta, pelo reconhecimento da profissão, pela PEC do diploma e, principalmente por uma remuneração mais justa”.

Com informações Dourados News

Jornalistas se 'espremem' para conseguir a informação - Foto: Eliel Oliveira/Diário MS

Osvaldo Duarte durante entrevista ao agricultor acusado de estuprar adolescente de 12 anos, filha da amante. junho de 2011

Jornalista Eduardo Palomita entrevistando Jair Rodrigues - Foto: Divulgação

Jornalista JC Torraca, titular da coluna Café Amargo

Fábio Dorta durante trabalho de reportagem na década de 1990

Fale com a Redação