05/07/2015 08h00
Justiça deve marcar reunião para acabar com a greve dos professores
Os professores da Reme (Rede Municipal de Ensino) em greve há 41 dias realizaram na manhã de ontem, sábado 4, uma pedala pelas ruas da Capital para protestar contra a prefeitura, que não aceita a proposta da categoria e não apresenta uma alternativa para atender o reajuste de 13,01%, conforme a lei do piso nacional. Conforme o presidente da ACP (Sindicato Campo-grandense dos Profissionais da Educação), Geraldo Gonçalves Alves, na próxima semana deve acontecer uma audiência de conciliação no TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), com o objetivo de acabar com o impasse nas negociações e por fim a mais longa paralisação da categoria na Capital.
Os professores se concentraram na sede da ACP, na Rua 7 de Setembro, quase esquina com a Rua Rui Barbosa, no Centro. Mesmo com o frio, às 8h saíram com destino ao final da Avenida Afonso Pena. Porém, na metade do caminho, a chuva obrigou o grupo a retornar à base, onde realizaram uma reunião. Alves disse que havia expectativa de pelos menos 100 professores participassem da pedalada mas, por conta do mau tempo, o evento contou com cerca de 30 educadores e ainda foram obrigados a encurtar o caminho.
Para o presidente do sindicato, o evento valeu a pena, uma vez que os professores mostram ao prefeito que não estão de brincadeira. “Mesmo com frio e chuva somos capazes de fazer nossa manifestação e os professores tiveram bom desempenho”, comentou.
A professora Luciane Fontes, 37 anos, disse que não considerou a pedalada um fracasso “porque as pessoas há 41 em greve estão cansadas e em pleno fim de semana deixam a família em casa e diante de tudo isso a quantidade não é importante.”
Segundo Geraldo Alves, a expectativa é que na próxima semana o impasse nas negociações deva se resolver, considerando que na outra já será período de férias do meio do ano. Ele revelou que há expectativa de ocorrer uma audiência de conciliação no TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) a pedido do MPE (Ministério Público Estadual). “O Ministério Público já percebeu nossa intenção de negociar o fim da greve e analisou que nossa proposta é viável, mas não entende o motivo de a prefeitura se recusar a dialogar conosco”, relatou.
A greve dos professores da rede estadual chegou ao fim depois da intervenção do Tribunal de Justiça, que realizou uma reunião de conciliação entre a direção da Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul) e representantes do governo do Estado. Já estaria marcada no TJ/MS, na semana que vem, conciliação entre os representantes dos enfermeiros em greve e a prefeitura.
Geraldo Alves disse ainda que os professores já estiveram nove vezes na Câmara Municipal e os dirigentes realizaram 12 audiências com a prefeitura e chegaram a apresentar proposta de parcelamento em 10 vezes os 13,01% referente ao reajuste do piso salarial da categoria, mas o Executivo não acatou. Segundo ele, 62 escolas municipais estariam funcionando com falta de professores, algumas parcialmente; oito totalmente paradas.
Conforme o secretário de Administração e interino da Educação, Wilson do Prado, a prefeitura sempre manteve o diálogo com a categoria, porém, no momento, ele não tem condições de acatar a proposta dos professores por conta da LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal), que proíbe a prefeitura de aumentar o custo com a folha de pagamento. “Preciso saber exatamente o valor que vou conseguir economizar neste trimestre para poder fazer uma proposta que possa cumprir, sem desrespeitar a lei de responsabilidade fiscal”, garantiu.
Wilson do Prado lembrou ainda que nessa sexta-feira, 3, participou de uma reunião com os professores na Semed (Secretaria Municipal de Educação), que durou mais duas horas. “Propus que a categoria retorne ao trabalho e aguarde nossa proposta assim que tivermos os índices financeiros do Executivo mais favoráveis, mas eles não aceitam”, afirmou o secretário, acrescentando que a partir do mês de agosto a situação do custeio da folha deve melhorar.
Sobre a possibilidade de uma audiência de conciliação na semana que vem, Wilson do Prado disse que não havia nenhuma agenda neste sentido. “Temos audiência marcada no Tribunal apenas com os enfermeiros”, revelou.
Fonte/Campo Grande News