Presidente está no Uruguai para a posse de Yamandú Orsi e falou sobre a guerra da Ucrânia e Rússia e dos encontros que teve com líderes da Europa e América do Sul
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reiterou neste sábado (1º) seu posicionamento favorável a um acordo para encerrar o conflito entre Rússia e Ucrânia, durante uma entrevista coletiva em Montevidéu, capital do Uruguai. A declaração foi feita após sua participação na posse de Yamandú Orsi, novo presidente do país vizinho.
Lula lembrou que o Brasil, há três anos, tem defendido a necessidade de uma solução diplomática para o impasse, e destacou o papel do país ao propor uma mediação com a China, visando facilitar um diálogo global sobre a guerra. “Durante muito tempo, a União Europeia defendia que era preciso conversar só com o Zelensky e não com o Putin. Agora que o Trump conversou com o Putin, a União Europeia quer que o Zelensky participe. Não tem paz sem a participação dos dois presidentes”, afirmou, reforçando que, para que a paz seja alcançada, ambos os líderes precisam estar envolvidos nas negociações.
Em relação à recente troca de ofensas entre o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, no Salão Oval da Casa Branca, Lula criticou o comportamento dos líderes, classificando a cena como “grotesca” e “desrespeitosa”. “Acho que o Zelensky foi humilhado. Não é possível falar em democracia sem respeito ao outro ser humano”, disse, ressaltando que a União Europeia foi prejudicada pelo incidente. O presidente brasileiro também sugeriu que a reconstrução da Ucrânia e a manutenção da OTAN poderiam ser responsabilidades da Europa.
Lula ainda aproveitou para abordar a questão das mudanças climáticas, alertando sobre os gastos exorbitantes com armas durante a guerra, enquanto investimentos em ações ambientais continuam em segundo plano. “O mundo gastou 2,3 trilhões de dólares com armas, e não querem gastar nada para manter as florestas em pé”, criticou, destacando a importância de financiar países com florestas para combater o aquecimento global e preservar o meio ambiente.
Relações com o Uruguai e a Unasul
Em sua visita ao Uruguai, Lula também falou sobre as relações bilaterais entre os dois países, destacando a amizade histórica e a continuidade da cooperação, independentemente das mudanças de governo. “Nossa relação com o Uruguai é de Estado para Estado, não é ideológica, e deve continuar, independentemente do governo”, afirmou. O presidente brasileiro defendeu a reativação da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) como um meio de fortalecer os laços regionais e criar um bloco sul-americano mais coeso.
“Temos que formar um bloco forte na América do Sul, não podemos ficar buscando soluções isoladas para cada país. O mundo está dividido em blocos e quem está mais organizado pode mais. Acordos como o que fizemos com a União Europeia envolvem trilhões de dólares e podem beneficiar todos os países da América do Sul, do Mercosul e da Unasul”, disse, destacando os benefícios que um bloco econômico unido pode trazer para a região.
Lula chegou a Montevidéu na noite de sexta-feira (28/2), onde ofereceu um jantar na embaixada brasileira, com a presença de líderes como Gabriel Boric, presidente do Chile, e Gustavo Petro, presidente da Colômbia. A visita é vista como um passo importante para a reaproximação e fortalecimento das relações diplomáticas na América do Sul.