25.8 C
Campo Grande
domingo, 30 de março, 2025
spot_img

Lula encerra visita de Estado ao Japão com 80 acordos e reforço ao multilateralismo

Presidente enaltece a civilidade do Japão, lamenta a nova ‘Guerra Fria’ e discute golpe, mas não aborda futebol

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se despediu na manhã desta quinta-feira (27) em Tóquio de sua visita de Estado ao Japão, que durou três dias. Durante a agenda, o presidente brasileiro manteve diálogos com chefes de governo e líderes empresariais, acadêmicos e membros da comunidade científica, com a presença de cerca de 500 pessoas. A visita resultou na assinatura de mais de 80 atos, incluindo acordos econômicos e parcerias de intercâmbio nas mais diversas áreas.

Lula destacou a relevância dos compromissos estabelecidos para o fortalecimento das relações comerciais e tecnológicas entre o Brasil e o Japão. O presidente também se mostrou preocupado com o descumprimento de acordos climáticos globais, como o Protocolo de Quioto e o Acordo de Paris, que visam mitigar os impactos do aquecimento global. Ele ressaltou que os alertas sobre as mudanças climáticas são amplamente comprovados pelas evidências do aumento das temperaturas globais e lamentou a ascensão de “negacionistas e destruidores do planeta.”

Em sua fala, Lula também abordou os ataques à democracia em várias nações e enfatizou a importância do multilateralismo, uma abertura soberana de relações políticas e econômicas entre países. Sem citar nomes, o presidente observou que defensores da globalização e do livre mercado de décadas passadas estão agora comprometendo as relações geopolíticas globais por meio de ameaças e medidas protecionistas.

Além disso, Lula fez questão de sublinhar a retomada da normalidade democrática no Brasil, destacando a presença dos líderes do Legislativo na delegação brasileira, o que representa uma união entre diferentes partidos políticos. Ele mencionou os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), junto com seus antecessores, como um exemplo da diversidade política que compõe a gestão atual.

Sobre a importância da visita, o presidente afirmou que a missão foi satisfatória, tanto pelos resultados das conversas quanto pela recepção calorosa dos anfitriões. Contudo, ele ressaltou que a agenda não se limitou a questões comerciais, alertando para os riscos do que chamou de “nova Guerra Fria” entre Estados Unidos e China.

Ao ser questionado sobre o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros envolvidos em tentativas de golpe, Lula evitou fazer previsões, mas reforçou que o processo não diz respeito a ele pessoalmente, mas à tentativa de desestabilizar a democracia.

Em relação à política econômica internacional, Lula se posicionou contra o protecionismo, defendendo uma atuação junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) para contestar as tarifas de importação aplicadas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. Ele foi enfático ao afirmar que o protecionismo não beneficia nenhum país.

Por fim, o presidente, com bom humor, agradeceu pela ausência de perguntas sobre futebol, afirmando não saber o que estava acontecendo no cenário esportivo brasileiro. A comitiva brasileira segue agora para o Vietnã, com o objetivo de explorar novos mercados e parcerias comerciais.

Fale com a Redação