A mãe e o padrasto do menino de 2 anos, que está internado na Santa Casa de Campo Grande há mais de uma semana em decorrência de uma suposta queda de escada, foram presos nessa quinta-feira (1º). Inicialmente, os dois irão responder por tentativa de homicídio, mas o crime pode mudar caso a morte encefálica da vítima seja confirmada nos próximos dias.
O padrasto, de 24 anos, foi preso na terça-feira (30) pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) enquanto tentava fugir para a cidade de Terenos, a pé, pela rodovia federal BR-262. Ele prestou depoimento e negou o crime, acusando a ex-companheira e mãe da vítima de cometer agressões contra o garoto e também a filha mais velha, de quatro anos.
Conforme a investigação, o rapaz disse que não estava mais envolvido com a mulher há três semanas, pois descobriu que estava sendo traído pela mesma. O relacionamento durou cerca de quatro meses, sendo que conviveram na mesma casa por dois meses. Ele afirmou que a jovem sempre se envolvia em brigas nas ruas do bairro onde residiam.
Questionado sobre onde estava no momento da suposta queda da escada do garoto de dois anos, o padrasto alegou que tinha ido procurar emprego, juntamente com a sua mãe, e que por volta das 14h a ex-namorada ligou relatando o acidente. Nesse momento, disse que estava na casa de um conhecido, no Bairro Coophasul.
Porém, a investigação o desmentiu, apontando que o sinal do telefone celular dele indicava que estava na casa da ex-namorada, no bairro Jardim Colibri. Além disso, pelo menos duas testemunhas fizeram o reconhecimento através de fotos e atestaram que o padrasto estava no local quando a ambulância chegou para o resgate.
Depois do confronto de informação, o jovem apresentou uma segunda versão sobre a sua localização, sustentando que estava na praça do Bairro Alves Pereira quando recebeu ligação e que foi ao encontro dela, fornecendo o celular para que ela chamasse o socorro médico.
Ele ainda descreveu que quando chegou ao imóvel encontrou o enteado já desfalecido e com espasmos, porém, não viu sangue e então acreditou que o bebê estava com uma crise de epilepsia. Ele chegou a segurar o bebê no seu colo para que a ex acionasse o SAMU e que só fugiu por temer ser preso, já que responde a um processo de violência doméstica.
Ainda, revelou que após a mãe do bebê prestar depoimento à polícia, na segunda-feira (29), ela ligou para o companheiro e disse que iria ser presa e pediu para que apagasse as mensagens que trocaram ao longo dos últimos dias.
A investigação detalhou que ele tem 25 passagens, que vão de ameaça, roubo na forma tentada, roubo majorado pelo concurso de pessoas, violência doméstica e já foi preso pela Derf em 2021. A passagem por violência doméstica é de agosto de 2023. Nesta quinta-feira, ele e a mãe da criança foram presos por força de um mandado de prisão temporária.
Conforme a assessoria de imprensa da Santa Casa, o menino continua internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) sem apresentar reação aos estímulos, em coma e em observação clínica rigorosa. Ele vai passar pelo segundo protocolo de morte encefálica, já que o primeiro foi inconclusivo.
Outros depoimentos já prestados
O pai biológico do menino de dois anos vai entrar com o pedido para obter a guarda provisória tanto dele quanto da irmã mais velha, de quatro, que também é sua filha. A informação foi dita pela advogada que o representa no processo. No dia do ocorrido, ele estava trabalhando em outra cidade e foi avisado por familiares, indo para Campo Grande na sequência.
Segundo a atualização dos fatos, a menina está na casa da avó materna desde o dia em que o caso veio a tona. No seu depoimento, a avó confirmou que o pai biológico das crianças foi até a sua residência para buscar a filha, entretanto, a devolveu em seguida. Por conta disso, a defesa optou por entrar com o pedido de guarda.
A avó chegou a registrar o boletim de ocorrência de desparecimento da filha, mãe das crianças, por não mais vê-la durante a semana passada. Na ocasião, a filha deveria estar na Santa Casa acompanhando a recuperação do menino, mas não teria sido vista pela equipe médica.
A jovem, em depoimento prestado na segunda-feira (29), foi questionada sobre o seu sumiço dos últimos dias e justificou que precisou ir até Anhanduí para trabalhar – ela atua como diarista -, recebendo R$ 110,00 por um serviço de faxina.
Na sua versão, detalhou que esteve na Santa Casa nos dois primeiros dias em que o filho estava internado. No sábado usou um motorista de aplicativo para ir até o distrito fazer a faxina, voltando à cidade no mesmo dia. Na segunda-feira, foi convencida por amigos a prestar esclarecimentos a delegacia.
Sobre o padrasto do menino, que foi preso pela Polícia Rodoviária Federal (PRf) na terça-feira (30) fugindo, a pé, para Terenos, a mãe da vítima relatou que não estão mais juntos desde o dia em que o filho sofreu o acidente doméstico, caindo do degrau enquanto brincava com a irmã de quatro anos.
O término aconteceu porque os dois entraram em desavença exatamente quanto à dinâmica do ato, sendo que ele acusou ela de ter ‘feito algum mau’ para a criança. O padrasto também prestou depoimento ontem, mas a sua versão para os fatos não foi divulgado pela investigação até o momento.
O caso
O caso veio a tona na última terça-feira (23), depois que a equipe médica da Santa Casa atendeu a vítima. Na ocasião, a mãe alegou que o menino tinha caído de um degrau na casa em que residem enquanto brincava com a irmã de quatro anos.
Entretanto, a pediatra responsável pelo atendimento acusou que as lesões não eram compatíveis com a dinâmica relatada pela mãe e a polícia foi acionada para investigar o caso de maus-tratos.
O menino está internado no CTI (Centro de Tratamento Intensivo) com diagnóstico de traumatismo craniano e em coma. Segundo as informações, a jovem não teria ido mais visitar o filho desde o dia 24, quando o caso começou a ser investigado.
Testemunhas disseram que localizaram a jovem em frente a sede do Conselho Tutelar do bairro Aero Rancho e que ela própria pediu ajuda para se entregar às autoridades. Ainda de maneira não oficial, há provas de que a criança sofria maus-tratos.
O depoimento da jovem acontece na sede da Delegacia Especializada na Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA), responsável pelo caso. Uma coletiva de imprensa está sendo aguardada para dar mais esclarecimentos.