23.8 C
Campo Grande
quarta-feira, 15 de janeiro, 2025
spot_img

Mato Grosso do Sul avança no combate à tuberculose em unidades prisionais

Mato Grosso do Sul alcançou um marco no combate à tuberculose em presídios, consolidando-se como referência nacional com o projeto “Estratégias de Controle da Tuberculose nas Prisões”. A iniciativa, conduzida pela Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), SES (Secretaria Estadual de Saúde), Fiocruz, UFMS e parceiros internacionais, realizou mais de 13 mil atendimentos em dois anos, diagnosticando e tratando 473 casos da doença entre reeducandos da capital.

O projeto se destaca por adotar medidas como triagens em massa, realizadas na chegada de novos internos e a cada quatro meses, independentemente de sintomas. Durante o processo, os reeducandos passam por preenchimento de questionários, exames de raio-X e coleta de escarro.

Segundo a médica infectologista Mariana Croda, coordenadora do projeto ao lado do infectologista Júlio Croda, o combate à tuberculose nas prisões beneficia toda a sociedade. “Essa atenção específica reduz a transmissão da doença para a comunidade. Não é só saúde pública, mas também uma questão de direitos humanos e dignidade”, afirmou.

A triagem inicial no momento da entrada nas unidades é uma medida preventiva essencial, dado o ambiente favorável à transmissão da doença. A Fiocruz, em parceria com instituições da América Latina e dos Estados Unidos, revelou que o encarceramento é o principal fator de risco para tuberculose na região.

Apoio tecnológico e equipe multidisciplinar

O projeto conta com o suporte do Lacen (Laboratório Central de Saúde Pública) e da UFMS, além de aproximadamente 40 profissionais de saúde de diversas áreas. O uso de equipamentos móveis, como aparelhos de raio-X portátil, permitiu a expansão dos atendimentos para unidades em diferentes regiões do estado, sem necessidade de escoltas de segurança.

“Com os equipamentos móveis, conseguimos agilizar o fluxo e ampliar os atendimentos. Isso fez toda a diferença”, destacou a coordenadora de campo, Alessandra Moura da Silva.

Educação e conscientização

Para ampliar a eficácia do projeto, o próximo passo é o treinamento dos reeducandos, que se soma à capacitação já realizada com os profissionais de saúde das unidades prisionais. “A proposta é criar um programa de educação em saúde dentro dos presídios. Formamos um comitê comunitário para ouvir os internos e incluir suas demandas na estratégia de prevenção”, explicou Mariana.

A chefe da Divisão de Assistência à Saúde Prisional da Agepen, Rita Luciana Domingues da Silva, reforça a importância dessa abordagem. “Tratar a tuberculose na população prisional é um compromisso com os direitos humanos e a dignidade de todas as pessoas, independentemente de sua situação jurídica.”

Impacto e expansão

O projeto atualmente abrange todas as unidades do Complexo do Jardim Noroeste, o Complexo das Gameleiras, a Unidade Mista de Monitoramento Virtual Estadual e o Patronato Penitenciário de Campo Grande, com planos para expansão. Anteriormente, foi desenvolvido na Penitenciária Estadual de Dourados, mantendo a continuidade do tratamento mesmo após a liberdade dos internos, com apoio das secretarias municipais de saúde.

“O sucesso do trabalho é fruto da integração de diferentes instituições. Precisamos garantir a continuidade para controlar a tuberculose nas unidades prisionais”, destacou a diretora de Assistência Penitenciária da Agepen, Maria de Lourdes Delgado Alves.

Resultados e reconhecimento

A experiência sul-mato-grossense atrai a atenção de outras secretarias penitenciárias do Brasil. As visitas técnicas reforçam o protagonismo do estado no combate à tuberculose, reconhecido pelo Ministério da Saúde pelos avanços no controle e tratamento da doença.

Ao promover saúde e dignidade nos presídios, Mato Grosso do Sul fortalece a luta contra a tuberculose, consolidando-se como referência para todo o país.

Fale com a Redação