A Mocidade Alegre é a vencedora do carnaval de São Paulo de 2024, repetindo o feito do ano passado. A escola alcançou 270 pontos entre os nove quesitos avaliados (evolução, comissão de frente, fantasia, enredo, samba-enredo, bateria, alegoria, mestre-sala e porta-bandeira e harmonia).
A escola do bairro do Limão, na Zona Norte de São Paulo, levou para avenida o enredo ‘Brasiléia Desvairada – A busca de Mário de Andrade por um país’. A agremiação conquistou seu 12º título e, se tornou, isoladamente, a segunda escola com mais vitórias ao longo da história do carnaval paulista, atrás apenas da Vai-Vai, com 15 títulos.
A sequencia teve a Dragões da Real e Acadêmicos do Tatuapé ficaram em segundo e terceiro lugar, respectivamente. Já a Tom Maior e Independente Tricolar foram rebaixadas para o Grupo de Acesso I.
A presidente Solange Cruz Bichara afirmou que não sabia que ganhariam, já que foi um ano muito competitivo entre as escolas.
“Tô a mil por hora, não consigo, ainda estou digerindo, mas é uma emoção muito grande. Um ano muito difícil, um concurso acirrado, em que todas as escolas vinham muito bem. A gente não sabia quem ia ganhar. As escolas evoluíram demais, o carnaval de São Paulo evoluiu demais, a gente acaba perdendo o parâmetro. Muita gente dizia, mas nada de contar vitória antes. Não é nosso perfil, a gente prefere orar, rezar, acreditar que vai dar certo e acreditar no nosso trabalho”, afirmou após a vitória.
Destaques maior
Um dos pontos altos do desfile foi a ala das baianas. À primeira vista, as fantasias pareciam feitas de concreto. Como se tivessem derramado cimento no tecido das saias. Na verdade, elas simularam a pedra-sabão, material usado pelo famoso escultor Aleijadinho para fazer suas estátuas barrocas em Minas Gerais.
Todo o traje das baianas levou essa pintura de pedra. Na renda, nas luvas e nos cílios. O responsável pelas fantasias fez pesquisa minuciosa para fazer uma tinta que simulasse a pedra. Ele pintou 48 baianas em uma semana.
Mocidade alegre é a campeã do carnaval de SP
Mesa da Mocidade Alegre de mãos dadas no último quesito — Foto: Gustavo Honório/g1
Ala das Baianas “A Genialidade da Obra de Aleijadinho” da Mocidade Alegre. — Foto: Gustavo Honório/g1
Apuração
“Harmonia” foi o critério de desempate utilizado para definir as campeãs; “evolução” foi o primeiro quesito a ser lido. Em uma experiência rara, nenhuma das 14 escolas do Grupo Especial desfilaram sob chuva.
A leitura das pontuações atribuídas pelos jurados foi acompanhada apenas por diretores das escolas, convidados e profissionais da imprensa.
A jurada Bia Cagliani esqueceu de dar a nota de evolução para a escola Império de Casa Verde, e a Liga das Escolas de Samba fez uma média aritmética para chegar a um número. Ao final, a Império ficou com 10.
A média aritmética foi feita a partir das últimas notas da escola, e depois a direção arredondou para cima.
Veja como foi a leitura das notas dos nove quesitos, definida no sorteio:
- Evolução
- Comissão de Frente
- Fantasia
- Enredo
- Samba-Enredo
- Bateria
- Alegoria
- Mestre-sala e porta-bandeira
- Harmonia
Como os jurados atribuem as notas
No momento em que pisam na avenida, as escolas começam o desfile com nota 10 em todas as categorias. A partir daí, os 36 jurados do grupo Especial – quatro de cada categoria – recebem um manual e, a cada décimo tirado, devem justificar com base no documento.
Além disso, os julgadores recebem uma pasta com o que foi planejado pela escola para comparar com o que foi apresentado durante o desfile.
Entenda os quesitos avaliados pelo júri
Quesitos, jurados, regras: Entenda como funciona a apuração do carnaval paulista
Evolução: Julga a forma como a escola passa pela avenida, sem deixar buracos e sem correr para cumprir o tempo do desfile.
Comissão de Frente: A coreografia conta com alguns movimentos obrigatórios, como a saudação ao público e a apresentação da escola. Jurados também dão nota para a fantasia e observam se a comissão de frente atende à exigência de no mínimo seis componentes e, no máximo, 15.
Fantasia: Avalia a beleza e o significado das fantasias desfiladas. Os jurados também podem se atentar a detalhes e ao acabamento. Os itens apresentados no desfile devem corresponder ao apresentado anteriormente em desenhos pela escola.
Enredo: Nesse quesito é considerado se o tema está sendo bem contado na avenida, com a ajuda das alas e alegorias, e se o jurado e o público conseguem fazer uma leitura fácil da apresentação.
Samba-enredo: O jurado deve considerar se a letra do samba transmite o enredo proposto pela escola. Já a melodia deve provocar nos componentes a vontade de evoluir, dançar e cantar.
Bateria: Avalia o desempenho dos ritmistas e dos mestres de bateria acompanhando o samba-enredo. Além de alguns instrumentos obrigatórios, é importante que tudo esteja afinado. Também é considerada a “ousadia na performance musical”, com bossa, paradinha, breque, apagão, convenção e virada.
Alegoria: Julga os carros alegóricos – a beleza e a relação com o enredo. As escolas de samba são obrigadas a desfilar com cinco alegorias.
Mestre-sala e porta-bandeira: Considera-se o entrosamento dos dois na coreografia, a graciosidade dos movimentos e, também, as fantasias.
Harmonia: Analisa se os componentes da escola estão integrados, cantando o samba conforme o ritmo da bateria e fazendo as coreografias corretamente.
Como foi a apuração
Durante a apuração, as notas foram lidas por quesito e a menor delas foi descartada. Ao final, as quantias foram somadas e as duas escolas que tiverem as menores pontuações totais foram rebaixadas, disputando o carnaval 2025 no Grupo de Acesso I.
As notas descartadas são sempre o primeiro critério de desempate a ser aplicado. Neste ano, o quesito “harmonia” foi sorteado para servir como o segundo critério. A definição ocorreu na segunda-feira (12), na sede da Liga-SP, na Barra Funda, Zona Oeste de São Paulo.
O desfile das Campeãs será no sábado (17) e contará com as seis escolas mais bem classificadas.