28.4 C
Campo Grande
sexta-feira, 20 de setembro, 2024
spot_img

Mulheres morrem após quimioterapia e famílias questionam procedimento

17/07/2014 14h10

Mulheres morrem após quimioterapia e famílias questionam procedimento

G1

Duas famílias de Campo Grande buscam entender as causas das mortes de duas mulheres cerca de uma semana depois que elas passaram por sessões de quimioterapia na Santa Casa. A suspeita é de que as pacientes podem ter morrido por conta de uma reação alérgica, pois começaram a apresentar sintomas após a medicação.

As autoridades de Saúde ainda não foram notificadas sobre o problema. A TV Morena entrou em contato com o diretor-presidente da Santa Casa, Wilson Teslenco, que informou desconhecer os casos. Ele se comprometeu a apurar, mas não deu retorno até a publicação desta reportagem.

Carmen Insfran Bernard, de 48 anos, que morreu no dia 10 de julho, foi a primeira vítima. A segunda foi Norotilde Araújo Greco, de 72 anos, no dia 11. Em comum, as duas vítimas tinham a luta contra o câncer e as sessões de quimioterapia feitas entre os dias 24 e 28 de junho.

Elas também foram internadas isoladas no mesmo quarto do hospital, por apresentarem reações semelhantes depois dos procedimentos, segundo Marta Insfran Bernard, irmã de Carmem. Ela disse ao G1 que a irmã lutava contra um câncer no intestino desde janeiro de 2014, quando também passou por uma cirurgia para retirada do tumor.

“Ela estava fazendo a quimioterapia, tinha feito cinco sessões e estava tudo bem. Não tinha reação, não caía cabelo, não tinha náuseas. Depois que ela foi fazer a sexta quimioterapia, na terça [24] e na quarta [25], quando foi na quinta-feira [26], começaram os sintomas de língua vermelha, céu da boca vermelho e dificuldade pra engolir a comida”, relatou.

Marta lembra que, diante das reações, levou a irmã ao hospital no domingo, onde a paciente foi medicada com um antialérgico e voltou para casa. No dia seguinte, elas retornaram à unidade, a paciente foi orientada por um oncologista a usar um enxaguante bucal e novamente foi liberada.

Na quarta-feira, uma semana depois da quimioterapia, elas retornaram à unidade, quando a irmã começou a apresentar manchas avermelhadas pelo corpo e rosto inchado.

“Ela tinha pontinhos vermelhos que depois ficaram pretos, enrugados como se estivesse morrendo mesmo”, afirmou. A irmã conta que a paciente chegou a vomitar sangue algumas vezes horas antes de morrer, cinco dias depois do isolamento. No atestado de óbito, consta como causas falência de múltiplos órgãos e neoplasia maligna de reto (câncer).

“Tenho a impressão de que eles [médicos] não esperavam que esse quadro evoluísse para óbito. Esperavam que melhorasse. Depois que ela foi isolada em um quarto logo, apareceu outra paciente com a mesma característica, que também tinha recebido a quimio no mesmo lugar, no mesmo dia, e que veio a óbito no dia seguinte, depois da minha irmã”, ressaltou.

Semelhanças
Celeide Vargas Araújo, irmã de Norotilde, descreveu ao G1 os sintomas relatados pela família de Carmen. “Ela começou a sentir diarreia, teve feridas na boca, na língua, não conseguia engolir mais nada. Reclamava de dor de garganta, teve inchaço no rosto, nos lábios. Ficou deformada. Quem viu não acredita”, lembrou Celeide.

A irmã dela foi internada no dia 5 de julho e ficou no mesmo quarto de isolamento para onde Carmen foi levada no dia 6. “Depois de uns dois dias, entrou uma outra paciente lá, no outro quarto. Ela também estava fazendo quimio junto com a minha irmã e também foi procurar ajuda no hospital porque estava com feridas na boca, na garganta, igual elas”, ressaltou.

Medicamento
As duas famílias relatam que em conversa com médicos da Santa Casa, os profissionais diziam suspeitar que os sintomas das duas pacientes fossem de reação à quimioterapia.

“Outra irmã minha ligou lá e um médico disse que outros pacientes tiveram essa reação, depois da quimio, e que foi trocada a marca, ou seja, o laboratório do remédio, mas que o princípio ativo era o mesmo que minha irmã já tinha recebido antes”, contou Marta.

Celeide também afirma que foi informada pelos médicos sobre o possível problema na medicação. “Ele [médico] disse que nunca viu isso, que ia entrar pela Anvisa e ver o laboratório que vem o medicamento e investigar o que aconteceu”, afirmou.

Fale com a Redação