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sexta-feira, 13 de setembro, 2024
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Na Capital, hortas urbanas garantem alimento, renda e resiliência climática 

O título de “Tree City of de World”, em tradução livre “Cidade Árvore do Mundo”, é concedido anualmente pela Arbor Day Foundation e pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO/ONU). Campo Grande é a única capital brasileira que detém o reconhecimento por cinco anos consecutivos e tem se destacado no manejo das árvores em áreas urbanas.

A floresta urbana é um conceito que vai além da simples inclusão de árvores e áreas verdes nas cidades, envolve a criação de um ambiente que imita a biodiversidade e os benefícios de um ecossistema natural. Nesse cenário, as hortas urbanas atuam como componentes vitais, oferecendo uma série de benefícios que vão desde a produção local de alimentos até o estímulo à interação comunitária.

As hortas urbanas são pontos de partida para um ecossistema mais verde e sustentável, pela sua capacidade de promover a biodiversidade, melhorar a qualidade do ar, fortalecer a coesão social e garantir a segurança alimentar. Além disso, as hortas urbanas ajudam a reduzir a pegada de carbono das cidades.

Comida na mesa

Instituído há quatro anos, o Programa Hortas Urbanas vem mudando a paisagem de Campo Grande e garantindo alimento saudável e renda para milhares de famílias. Muitas delas, inclusive, que viviam em situação de insegurança alimentar.

Atualmente, a Secretaria Municipal de Inovação, Desenvolvimento Econômico e Agronegócio (Sidagro), atua diretamente em mais de 200 hortas urbanas instaladas em espaços públicos ou privados, tais como escolas, unidades de saúde, unidades de assistência social, instituições de utilidade pública, como clínicas de recuperação de pessoas com dependência química, centros comunitários e associações de moradores.

São centenas de famílias atendidas direta e milhares indiretamente com as hortas urbanas, seja ela com fins comerciais ou com fins sociais. 

Taxa de Urbanização

O programa também resgata a cultura rural no espaço urbano, aproveitando a experiência agrícola dos moradores locais. A agricultura urbana tem apresentado expansão em quase todos os países. A produção de alimentos nas cidades se torna interessante, a partir do momento, que aproxima a produção do consumidor. 

Neste sentido, uma parceria recente da Sidagro com a Fundação de Trabalho (Funtrab) e a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) lançou o aplicativo “Mercado Solidário”, que objetiva conectar quem quer comprar produtos da agricultura familiar com quem quer vender. Na primeira semana do lançamento mais de 60 produtores já haviam se cadastrado e estavam vendendo seus produtos.

O crescimento da atividade também envolve outras questões, como a elevada taxa de urbanização dos grandes centros urbanos e a falta de planejamento para o equilíbrio das relações campo-cidade. Campo Grande possui, segundo dados divulgados pelo IBGE (2022), 897.938 habitantes e tem uma taxa de urbanização de 98,66%. A população rural, que nos meados do último século se igualava com a população urbana, hoje é insignificante em termos demográficos. O Município possuí um território de 8.092,951 km², destes, 154,454 km² são ocupados pela cidade (Embrapa Monitoramento por Satélite), portanto o espaço territorial considerado urbano é de aproximadamente 2% do seu território total.

Historicamente, Campo Grande se expandiu horizontalmente, deixando espaços vazios urbanos consideráveis. Algumas avaliações realizadas por urbanistas, afirmam que nesses espaços, poderia ser erguida uma outra cidade. Esse perfil apresenta um potencial para o desenvolvimento da Agricultura Urbana.

Sendo assim, o programa de hortas urbanas, que existe no município há mais de sete anos, finalmente começou a se tornar política pública em 2020, com a publicação da Lei n. 6.514, que instituiu o Programa Municipal de Agricultura Urbana no município. Esse foi o primeiro passo para que essas ações e atividades contínuas se tornem uma política pública de Estado e se fortaleça dando segurança às produções em ambiente urbano. O que antes consistia somente nas doações de mudas e adubos e preparo de solo, com agendamento por solicitações de formas verbais, com uma legislação própria passou a haver um maior controle gerencial, o que torna possível melhorar os atendimentos aos produtores.

Grande parte das comunidades urbanas atendidas desenvolvem a horticultura em suas em áreas para atender a demanda de subsistência e abastecimento do mercado interno local e feiras livres. Os participantes passaram a ter direito a insumos básicos, como: calcário, adubos orgânicos, mudas e sementes. Hoje, eles estão organizados em sistemas agroecológicos.

Sob orientação da Sidagro, eles fazem o manejo ambientalmente saudável dos produtos químicos e dos resíduos reduzindo significativamente a liberação de poluentes para o ar, água e solo, minimizando os impactos negativos sobre a saúde humana e o meio ambiente, o que garante resiliência climática. Pode-se afirmar que as hortas urbanas são um instrumento para diminuir a temperatura nas cidades, onde o calor tende a se concentrar em áreas densamente construídas, criando “ilhas de calor”. Campo Grande, inclusive, tem batido recordes de temperatura.

Implementar hortas urbanas é, portanto, uma estratégia eficaz para aumentar a resiliência climática das cidades, contribuindo para a adaptação e mitigação dos efeitos das mudanças climáticas.

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