08/12/2014 16h00
Novo livro mostra que Eike queria ser o mais rico do mundo em 2015 e cogitava até a Presidência
R7
O empresário Eike Batista continua atraindo os holofotes desde a fulminante queda da EBX, seu império de negócios, que atua nos setores de energia, mineração, indústria naval, construção, logística e petróleo. O livro Tudo ou Nada, da jornalista Malu Gaspar, conta detalhes da vida do empresário, que, após planejar ser o homem mais rico do mundo, tenta agora pagar suas dívidas e escapar de possíveis condenações judiciais.
É como se estivesse olhando pelo “buraco da fechadura”, disse Malu em entrevista ao R7.
Na publicação, Eike é descrito como destemido e persistente, mas também sonhador e místico. “Sempre que aparecia uma chance, [ele] afirmava que se tornaria o homem mais rico do mundo. Estabelecera até um prazo para cumprir a meta — 2015”, escreve a autora.
Metas grandiosas como essa faziam parte da rotina do ex-magnata. Em uma conversa com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o petista o teria questionado sobre o que Eike faria depois de ser o homem mais rico do mundo.
“Já pensara em ser candidato a presidente do Brasil? Até então, Eike nunca havia considerado a hipótese, mas ficou tão encantado com a possibilidade que decidiu testar seu apelo em encontros com pessoas que julgava entendidas da política”.
A história de Eike, no entanto, caminhou para outra direção após sua empresa de petróleo divulgar, em meados de 2013, que seus “valiosos” campos de petróleo não eram “viáveis economicamente”.
De lá para cá, o ex-bilionário está cada vez mais distante de se tornar o homem mais rico do mundo em 2015 — ou mesmo de ser o presidente do Brasil.
Atualmente, Eike responde a processos no Rio de Janeiro e em São Paulo por crimes contra o mercado de capitais que podem levá-lo à prisão, tem empresas em recuperação judicial e pode ter bloqueados até R$ 1,5 bilhão de bens.
Para Malu, o próprio empresário é um dos principais responsáveis pelo que aconteceu, vítima de sua própria ambição.
— Ele tem com ele essa coisa de ser o maior do mundo, o mais rico. Eu acho que é uma coisa até um pouco infantil, competição sem muito propósito concreto. Isso atrapalhou demais a maneira de ele ver as coisas. Mesmo vendo as dificuldades à frente, ele não conseguiu se conter.
Em uma entrevista que concedeu ao jornal norte-americano The Wall Street Journal, o brasileiro chegou a afirmar que havia sido enganado pelos próprios executivos e que era uma vítima do que estava acontecendo.
— Até hoje ainda tem gente que diz: “coitado, não tinha óleo”. Eu quero acabar com esse tipo de informação quando a pessoa terminar de ler o livro. Não é assim! Existiu um contexto na economia brasileira, no mercado financeiro e dentro do próprio grupo que levou a uma combinação de fatores que acabou por levar prejuízo a milhares de investidores.
Futuro
E o futuro do empresário parece ser mais nebuloso ainda. Recentemente, a Justiça acatou as denúncias do Ministério Público Federal do Rio de Janeiro referentes à manipulação do mercado financeiro e insider trading (uso de informação privilegiada). Se for condenado, o homem que já foi considerado o sétimo mais rico do mundo pode pegar até 18 de anos de prisão.
— Eu acho a situação dele bem difícil. E ele, ainda por cima, deve uma quantidade invariável de dinheiro. Na última vez que eu fiz uma conta sobre isso, ele estava com R$ 1 bilhão negativo. Ele vai continuar devendo durante muito tempo, pagando dívidas e tal.
Apesar das dívidas, que só aumentaram com empréstimos tomados, Eike nunca será pobre, explica Malu. O que ele vive hoje pode ser classificada como uma “crise de rico”.
— Ele nunca vai ser pobre. Difícil ele chegar numa situação em que não tenha dinheiro, não tenha a casa que ele tem, não tenha carro. (…) Ele vai ser sempre um cara que estará pagando suas dívidas. É crise de rico!
Numa estimativa bem complicada de se fazer, pois não se sabe o quanto deste dinheiro está realmente livre e à disposição, a autora aposta que o patrimônio atual do empresário deve estar em torno de US$ 300 milhões (cerca de R$ 776,6 milhões).
