Condenada pela morte do caseiro Jorge Avalos, de 60 anos, ocorrida no distrito de Touro Morto, em Anastácio/Aquidauana, a onça-pintada internada no Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS) de Campo Grande passou por exames clínicos na última semana e teve o diagnóstico revelado nesta segunda-feira (28) à imprensa, por meio de um boletim médico veterinário.
O documento aponta que o animal silvestre apresenta alterações agudas no fígado e nos rins, mas sem indícios de insuficiência dos órgãos até o momento. Além disso, foi constatada uma inflamação no aparelho digestivo (gastroenterite), que está sendo tratada e monitorada, com apoio de exames moleculares para investigar a origem da infecção.
Os veterinários realizaram um hemograma e exames de análises bioquímicas, que confirmaram as alterações observadas no ultrassom e indicaram que a onça-pintada apresenta um quadro de anemia leve. Pelos próximos dias serão feitos novos exames laboratoriais para acompanhar a evolução do quadro clinico.
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) já informou que o destino da onça será uma instituição mantenedora de fauna que esteja apta a recebê-lo, de forma definitiva ou provisória. O animal será incorporado ao Programa de Manejo Populacional da Onça-Pintada, que visa à conservação da espécie.
O caso
Jorginho, conforme era chamado pelos mais íntimos, teria sido surpreendido na manhã de segunda-feira (21) pelo animal silvestre em seu pesqueiro, na região chamada de Touro Morto, às margens do Rio Miranda, em um local de acesso muito difícil e de mata nativa, com presença constante da fauna pantaneira.
A vítima morava sozinho no local, onde vendia iscas e mel silvestre para turistas e moradores locais. Dias antes de desaparecer, o cunhado registrou um vídeo no qual Jorginho aparece narrando uma luta entre duas onças no quintal de sua casa. Ele mostra a marca das patas e um local onde possivelmente houve um confronto.
Na manhã de segunda, um grupo de turista foi até o pesqueiro para comprar mel e não achou o morador, mas notou sinais de luta, com manchas de sangue e marcas do que parecia ter sido um ataque de onça. Somente na terça (22), com ajuda do cunhado, os restos mortais dele foram achados distante 300 metros da casa.
Segundo a investigação da Polícia Civil, o laudo pericial deve ficar pronto em 10 dias, mas no corpo dele foram encontrados sinais que indicam mordidas e unhas de animal. Jorginho residia há 16 anos no local e tinha experiência na lida com animais silvestres, especialmente onças-pintadas e cobras.