22.8 C
Campo Grande
terça-feira, 15 de abril, 2025
spot_img

Pais de bebê morto por negligência são soltos pela Justiça, mas não poderão mais ver os filhos

Os pais da bebê de 10 meses que morreu por insuficiência respiratória na segunda-feira (14), em Campo Grande, tiveram a liberdade concedida pela Justiça durante audiência de custódia nesta terça-feira (15). O homem de 38 anos e a esposa, de 23, tinham sido presos em flagrante pela DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) por homicídio culposo em função da negligência médica e suspeita de maus-tratos.

Durante a audiência, o juiz responsável determinou que os pais não poderão se aproximar dos outros dois filhos, de 3 e 6 anos, que estão abrigados pelo Conselho Tutelar e devem seguir para adoção. Além disso, também deverão comparecer perante a autoridade todas às vezes que for intimado para atos do inquérito e da instrução criminal e para o julgamento.

O casal ainda não pode mais se mudar de residência sem ter a prévia permissão da autoridade processante, ou ausentar-se por mais de oito dias de sua residência sem comunicar àquela autoridade o lugar onde será encontrado. O juiz dispensou o pagamento de fiança, arbitrada em R$ 5 mil. A decisão não atendeu ao pedido da investigação do caso, que solicitou a prisão preventiva do casal.

O caso

Pais de bebê morto por negligência são soltos pela Justiça, mas não poderão mais ver os filhos
Sede da DEPCA em Campo Grande (Foto: Chico Ribeiro/Gov. de MS)

A Secretaria Municipal de Saúde Pública (Sesau) detalhou que a bebê foi atendida na Unidade Básica de Saúde da Família do bairro Portal Caiobá na última sexta-feira (11), por volta das 13 horas, de onde foi transferida para a UPA do bairro Universitário por conta do quadro clínico, sem risco iminente de morte. O médico responsável pela consulta acusou para bronquiolite, sendo que recebeu a medicação e passou por exame de raio-x.

Já por volta das 18 horas, houve uma nova consulta com o pediatra, que decidiu por dar continuidade ao tratamento na UPA. Mais tarde, às 20 horas, a família abandonou o estabelecimento médico sem ter recebido a alta. Na madrugada desta segunda-feira, a bebê voltou a apresentar dificuldades de respiração e, às 05 horas, foi levada até o quartel do Corpo de Bombeiros pela mãe, usando um motociclista contratado por aplicativo.

Segundo a assessoria do Corpo de Bombeiros, os militares que estavam de plantão receberam a bebê e fizeram os primeiros-socorros, sendo necessário acionar o SAMU pelo suporte avançado da ambulância. As equipes reanimaram a vítima com massagens, porém, após uma hora de tentativas, o óbito foi constatado ainda no quartel. Nesse meio tempo, os militares notaram hematomas no corpo da menina e acionaram a polícia.

Diante da suspeita de maus-tratos, a Polícia Militar deteve a mulher e a levou para depoimento na DEPCA, enquanto o bebê, já sem vida, foi encaminhado à UPA Universitário para realização de perícia e laudo, que constatou como causa da morte insuficiência respiratória decorrente de broncopneumonia. A Polícia Civil assumiu a investigação e foi até a casa da família, onde prenderam o pai e recolheram as duas crianças.

Em coletiva de imprensa, o delegado responsável pelo caso, Roberto Morgado, detalhou que a perícia identificou hematomas em partes do corpo, mas adiantou que não são a causa da morte. Chamou a atenção das autoridades a situação de precariedade em que a família vivia, com a casa no bairro Jardim Tijuca suja, com roupas amontoadas e comida estrada. Os vizinhos disseram que eles residem no local há cerca de três meses.

Fale com a Redação