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quarta-feira, 23 de abril, 2025
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Papa Francisco morre aos 88 anos: legado de fé, simplicidade e compromisso com os pobres

Primeiro pontífice latino-americano deixa legado de tolerância e diálogo. Promoveu reformas importantes, acolheu minorias e priorizou os pobres

O Papa Francisco, líder da Igreja Católica por mais de uma década e símbolo de uma abordagem pastoral voltada aos pobres e marginalizados, morreu aos 88 anos. A informação foi confirmada pelo Vaticano na manhã desta segunda-feira (21), em comunicado divulgado pelo cardeal Kevin Farrell, camerlengo da Santa Sé.

“Queridos irmãos e irmãs, é com profunda tristeza que comunico a morte do nosso Santo Padre Francisco”, declarou o camerlengo. “Às 7h35 desta manhã, o Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e da Sua Igreja.”

Farrell destacou ainda o impacto espiritual e social do pontificado. “Ele nos ensinou a viver os valores do Evangelho com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados”, afirmou. “Com imensa gratidão por seu exemplo como verdadeiro discípulo do Senhor Jesus, recomendamos a alma do Papa Francisco ao infinito amor misericordioso do Deus Trino.”

Francisco, nascido Jorge Mario Bergoglio, foi eleito papa em março de 2013, tornando-se o primeiro pontífice latino-americano e também o primeiro jesuíta a liderar a Igreja Católica. De origem argentina, o papa foi um defensor incansável da justiça social, da ecologia e do diálogo inter-religioso, promovendo uma Igreja mais próxima dos fiéis e menos voltada ao poder institucional.

Nos últimos anos, a saúde de Francisco vinha se deteriorando. Em fevereiro deste ano, ele foi internado com um quadro de bronquite e permaneceu quase 40 dias no Hospital Gemelli, em Roma. Após apresentar infecção polimicrobiana nos pulmões, recebeu o diagnóstico de pneumonia em ambos os órgãos. O Vaticano descreveu a condição como “complexa”.

Durante a internação, o papa enfrentou uma série de complicações, incluindo uma crise respiratória prolongada, transfusões de sangue por baixa contagem de plaquetas, insuficiência renal leve e a necessidade de ventilação mecânica não invasiva. Ainda assim, gravou uma mensagem de áudio aos fiéis agradecendo pelas orações e reafirmando sua esperança na recuperação.

O histórico médico de Francisco incluía também uma série de outros desafios: ele era suscetível a problemas respiratórios desde a juventude, quando perdeu parte de um dos pulmões devido à pleurisia. Em 2021, passou por uma cirurgia intestinal que removeu 33 centímetros do cólon. Em 2023, foi hospitalizado duas vezes — em março, por causa de uma bronquite, e em junho, para uma nova cirurgia abdominal. Nos últimos anos, passou a utilizar cadeira de rodas por conta de dores crônicas nos joelhos e nas costas.

Apesar das limitações físicas, o Papa Francisco manteve uma intensa agenda de compromissos até os últimos meses de vida, buscando reformar estruturas internas da Igreja, ampliar a escuta às periferias do mundo e promover a sinodalidade — uma nova forma de governo baseada no diálogo e na participação coletiva.

Sua morte marca o fim de uma era e deixa um legado de humildade, coragem e amor incondicional pelos mais frágeis. O mundo católico e milhões de fiéis em todo o mundo agora se preparam para homenagear um papa que, como ele próprio dizia, desejava “uma Igreja pobre para os pobres”.

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