Uma pesquisa do Radar Febraban, conduzida pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (IPESPE) com apoio da Febraban e da Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF), revela que 59% dos brasileiros defendem maior regulação e atuação firme do governo sobre os sites de apostas online, que cresceram rapidamente no país. O levantamento, realizado entre 15 e 23 de outubro com 2 mil entrevistados, também mostra que a maioria (85%) não confia nessas empresas, enquanto 59% são contrários a esse tipo de jogo.
Apostas e impacto financeiro
Segundo o estudo, 40% dos entrevistados jogam ou têm familiares que apostam em plataformas esportivas. Desses, 45% afirmam que a qualidade de vida de suas famílias foi afetada. Além disso, 41% relataram que as apostas comprometeram outros compromissos financeiros, como a compra de alimentos (37%) e o pagamento de contas (36%).
O futebol lidera como o esporte mais apostado, representando 60% das preferências, enquanto o gasto mensal dos apostadores varia entre R$ 30 e R$ 500 para 52% dos entrevistados. No entanto, 56% admitem que os valores gastos fazem falta no orçamento, e 53% têmem endividamento.
Percepção negativa e riscos
Para 57%, os sites de apostas são avaliados como “ruins ou péssimos”, e 83% consideram essas plataformas inseguras, apontando riscos que podem gerar prejuízos financeiros e problemas graves para as famílias. A pesquisa também indica que 69% acreditam que o jogo online causa dependência, 61% associam as apostas ao endividamento e 42% às questões de saúde mental, como estresse, ansiedade e depressão.
Regulação e medidas sugeridas
Entre as ações apontadas pela população, 35% defendem que o governo deve priorizar o combate a fraudes e lavagem de dinheiro, enquanto 28% pedem a limitação da publicidade das empresas de apostas. Outros 26% sugerem a proibição do uso de cartão de crédito para apostas e medidas de proteção à saúde mental e física dos jogadores.
Além disso, 66% apoiam a proibição de propaganda de apostas, semelhante ao que ocorre com o cigarro, enquanto 50% consideram o endividamento causado por apostas como um problema público.
Reflexão sobre o futuro
Marcelo Garcia, consultor da CNF, ressalta a importância do estudo para fomentar o debate sobre a regulamentação e as consequências das apostas no Brasil. “Este é um ponto de partida fundamental para enfrentar um problema que pode impactar famílias e gerar endividamento. O planejamento de políticas preventivas e estratégias de limitação é urgente”, afirmou.
Os resultados mostram que a população brasileira deseja não apenas informação e regulação, mas também ações concretas que protejam os cidadãos dos riscos associados às apostas online.