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quinta-feira, 13 de fevereiro, 2025
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Poupança tem rendimento acima da inflação em 2024 e expectativa é de ganhos maiores em 2025

A caderneta de poupança voltou a apresentar rendimento real positivo em 2024, registrando uma rentabilidade de 7,09% no ano passado, enquanto a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ficou em 4,83%. Com isso, o ganho real do investidor foi de 2,26%, conforme levantamento da Economatica.

Depois de apresentar rendimento negativo entre 2019 e 2021, a poupança tem superado a inflação desde 2022. Para Haroldo da Silva, vice-presidente do Conselho Regional de Economia do Estado de São Paulo (Corecon-SP), essa recuperação é relevante, pois garante que o poder de compra do poupador não seja corroído pela inflação. Além disso, ele destaca que os recursos captados pela poupança são fundamentais para o financiamento do mercado imobiliário, especialmente para a construção de imóveis residenciais para a classe média.

Por outro lado, Silva ressalta que a poupança não é a melhor opção para quem busca maior rentabilidade. “Mas ensina a guardar dinheiro e manter os orçamentos familiares equilibrados. O ato de poupar é essencial para uma vida financeira tranquila, longe de dívidas”, afirmou.

Impacto da taxa de juros

Um dos principais fatores que impulsionaram o rendimento positivo da poupança foi a alta da taxa básica de juros. Em janeiro de 2024, o Banco Central elevou a Selic para 13,25% ao ano, com a previsão de que atinja 14,25% no primeiro trimestre de 2025.

Diante desse cenário, Fernando Marx, trader da TC Cosmos, avalia que a tendência da poupança continua positiva. “A expectativa para 2025 é que o ganho real seja ainda maior, dado o crescente aperto monetário que estamos vendo, para ancorar a inflação no horizonte relevante. Naturalmente, quanto maior esse ganho real, maior o incentivo para o poupador manter seu capital aplicado”, afirmou.

Atualmente, a remuneração da poupança segue a regra do Banco Central: quando a Selic está acima de 8,5% ao ano, a poupança rende 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial (TR). Caso a Selic esteja abaixo desse patamar, a rentabilidade é reduzida para 70% da taxa básica de juros mais a TR.

Comparativo com outros investimentos

Apesar do rendimento positivo e da isenção de Imposto de Renda, a poupança ainda perde atratividade frente a outros produtos de renda fixa, como Certificados de Depósito Bancário (CDBs) e fundos DI, que oferecem retornos mais expressivos atrelados à Selic.

Mayra Saitta, advogada tributária, explica que, para investidores que priorizam segurança e liquidez diária, a poupança continua sendo uma opção viável. “No entanto, para quem deseja maior rentabilidade, alternativas como Tesouro Selic e CDBs de bancos médios podem oferecer retornos mais vantajosos”, acrescenta.

Retiradas recordes

Apesar do rendimento positivo, a poupança tem registrado altos volumes de retirada. Em 2024, o saldo foi negativo em R$ 15,4 bilhões, refletindo o grau de endividamento da população e a concorrência com outras opções de investimento.

O recorde de saques foi registrado em 2022, com uma captação negativa de R$ 103,23 bilhões. Em 2023, a saída líquida foi de R$ 87,8 bilhões.

A tendência para 2025 dependerá do comportamento da Selic e do apetite dos investidores por alternativas mais rentáveis. Enquanto isso, a poupança segue como a opção mais popular do país, garantindo segurança, mesmo que nem sempre os melhores retornos.

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