O alto índice de áreas incendiadas no Pantanal tem gerado danos significativos dentro das propriedades rurais, meio ambiente e à economia local. Com a baixa umidade do ar e a vegetação mais seca, produtores rurais devem estar atentos e preparados para combater os incêndios a fim de preservar, por meio de práticas sustentáveis, a região pantaneira.
Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia, a previsão para as próximas semanas indica pouca chuva e temperaturas acima da média, fatores que criam condições propícias para a ocorrência de incêndios.
Nesse cenário, o uso de tecnologias pelos produtores tem se mostrado essenciais para a continuidade da produção pecuária no bioma. Além disso, entidades representativas e governamentais estão auxiliando com fundos de investimentos e programas de apoio a fim de ajudar na recuperação de áreas afetadas pelos incêndios.
Além dos auxílios financeiros para a restauração de terras (FCO Pantanal e Renovagro), o produtor pode buscar capacitações e formação de brigadas de incêndio por meio dos cursos do Senar/MS, a exemplo do curso Prevenção e Combate a Incêndios no meio rural, onde irá aprender, principalmente, as práticas de prevenção e a utilização dos equipamentos básicos, como os abafadores e bombas costais. De 2019 a 2024, mais de 2.500 pessoas já realizaram essa capacitação.
Práticas como estações automáticas de risco de fogo, mapas de risco de incêndio nas propriedades, aceiros, queimas prescritas e controladas, Ato Declaratório de Prevenção contra incêndios florestais do Corpo de Bombeiros, e outras práticas serão cada vez mais necessárias pelos produtores rurais. As Unidades de Conservação e Terras Indígenas, que são áreas da união, necessitam de mais planos de controle de material combustível. Só neste ano, 34% dessas áreas foram identificadas com focos de calor.
Manter os aceiros bem cuidados ao redor das propriedades e das áreas de vegetação são fundamentais para evitar a propagação de incêndios. Realizar o monitoramento contínuo das áreas também auxilia a detectar qualquer sinal de fogo de forma precoce.
Estabelecer e treinar brigadas voluntárias dentro das propriedades rurais para responder rapidamente em caso de emergência e ter um plano de comunicação rápido para alertar as autoridades e vizinhos em caso de avistamento de fumaça ou incêndio são outras ações fundamentais que os produtores podem adotar a fim de auxiliar na preservação do Pantanal.
“As formações de brigadas na área rural, principalmente no Pantanal, envolve um esforço conjunto de várias entidades, que somam o conhecimento em prevenção e combate, permitindo que haja pessoas para atuar em cada comunidade pensando em casos de incêndios menores”, pontua Clovis Tolentino, consultor técnico do Sistema Famasul.
O incremento de ferramentas de comunicação via satélite foi uma grande inovação no Pantanal, por se tratar de uma região bastante remota, sem redes de celular e energia elétrica. A comunicação é fundamental para acionar as forças de segurança em caso de incêndios, a fim de que estas possam se organizar estrategicamente no combate.
“Outro destaque são as ferramentas de detecção dos incêndios por imagens de satélite. Hoje é possível acompanhar a situação quase que em tempo real por meio de várias plataformas. Isso permitiu que as entidades pudessem otimizar os esforços de combate, inclusive com a instalação de 13 bases do Corpo de Bombeiros em locais estratégicos do Pantanal”, complementa o profissional.
O Senar está com uma ação em andamento neste momento de crise ambiental, o Superação Pantanal. Mais de 20 profissionais estão no pantanal, visitando as propriedades rurais que sofreram com incêndios florestais neste ano, auxiliando o produtor na tomada de decisão, orientando em relação qual a melhor capacitação, e planejando ações para o combate de incêndios nos próximos anos. O laudo técnico que o produtor rural terá acesso, será de grande utilidade para identificar o prejuízo que houve em 2024 dentro da propriedade dele.
Ações de assistência técnica
Por meio da Assistência Técnica e Gerencial do Senar/MS, cerca de 10 mil propriedades estão sendo acompanhadas em todo o estado, difundindo, além de informações técnicas, práticas de sustentabilidade e prevenção. Só no Pantanal, local mais afetado pelos incêndios este ano, são quase 115 mil hectares acompanhados pelos técnicos, onde é trabalhado fortemente os conceitos de prevenção aos incêndios.
A parceria entre a Famasul e o Reflore/MS é outra frente de atuação que ganha relevância, especialmente diante das condições climáticas adversas. Essas entidades promovem a capacitação de brigadas voluntárias e desenvolvem campanhas de conscientização a fim de prevenir incêndios, essenciais para minimizar os riscos de fogo descontrolado.