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Prefeitura entrega Usina de Triagem de Resíduos nesta sexta-feira

14/08/2015 07h30

Prefeitura entrega Usina de Triagem de Resíduos nesta sexta-feira

CG Notícias

A Prefeitura Municipal de Campo Grande inaugura, na manhã desta sexta-feira (14), a Unidade de Triagem de Resíduos (UTR), estrutura que abrigará os catadores de materiais recicláveis que atuavam no antigo lixão e que agora estão organizados em cooperativas. A UTR permitirá que uma “área de transição”, criada por decisão judicial para amparar o trabalho dos catadores, seja definitivamente fechada, atendendo o que dispõe a legislação que regulamente a gestão de resíduos sólidos no país.

Com o objetivo de promover condições salubres de trabalho aos cerca de 400 catadores que trabalhavam no lixão e de atender às diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída pela Lei 12.305/10, a construção da UTR foi finalmente retomada durante a gestão do prefeito Gilmar Olarte. Mas para gerar material reciclável o suficiente para os catadores, a Prefeitura também ampliou o serviço de coleta seletiva, que agora atinge quase 40 bairros e mais de 100 mil domicílios em Campo Grande.

Atualmente, três cooperativas já atuam na UTR, numa instalação temporária que conta com prensas, balança e outros mecanismos que garantem segurança às atividades de triagem. No entanto, com a inauguração da unidade, o trabalhadores cooperativados disporão de um sistema complexo e moderno de triagem, com vários galpões, banheiros, refeitório, novas máquinas de prensa, empilhadeiras e condições decentes de trabalho. São, ao todo, quatro esteiras – cada qual com 24 estações de trabalho -, o que permite à UTR funcionar em três turnos de 8h.

Para o prefeito Gilmar Olarte, um dos principais benefícios da UTR será o fechamento da “área de transição”, que proporciona ao município ficar em dia com a legislação e gerar condições de trabalho dignas aos catadores. “Campo Grande alcança um novo momento, em que o lixo que produzimos passa a ser tratado adequadamente, os resíduos recicláveis se tornam renda de pessoas que em outro momento trabalhavam em condições desumanas”, aponta.

Capacitação

Para estarem aptos a comandar a UTR, os catadores receberam formação e treinamento para operar máquinas, gerenciar os espaços e se organizarem no sistema de trabalho coletivo, as cooperativas. Todo o treinamento foi fornecido pela Fundação Social do Trabalho de Campo Grande (Funsat), que continua promovendo gratuitamente consultoria e assessoria aos trabalhadores que sobrevivem da venda de material reciclável.

Uma das principais decisões do prefeito Gilmar Olarte foi a retomada da UTR. Para o trabalhador, isso significa necessariamente a garantia de um trabalho decente para todos que atuam no lixão. O fechamento dessa área significa o fim de um trabalho degradante, periculoso e desprovido de amparo legal, previdenciário. Com a transição para a UTR, nós teremos esses trabalhadores em condições dignas de exercerem suas atividades laborais, com a garantia de seus direitos”, destaca o diretor-presidente da Funsat, Cicero Ávila de Lima.

O fechamento da área de transição, a formalização dos trabalhadores em cooperativas e, consequentemente, o direito de trabalhar na UTR vão transformar a realidade dos moradores da região do aterro sanitário. “A Funsat tem atuado nesta passagem do lixão para a UTR, intervindo na qualificação profissional desses trabalhadores, de maneira que a partir de agora boa parte já está apta para organizar suas cooperativas”, relata Cícero.

Com a inauguração da UTR, a “área de transição” poderá ser definitivamente fechada. O prazo para que isso ocorra, no entanto, é de 30 dias, conforme acordo judicial, de forma a dar tempo que os catadores remanescentes que não passaram por treinamento busquem o ingresso numa das cooperativas já criadas.

Vida Nova

Presidente de uma das cooperativas, Gilda Macedo é exemplo de sucesso. Ela já atua na UTR há quatro anos, tendo sido uma das primeiras a receber a capacitação da Funsat. “Nos cursos, nós aprendemos como funcionam as cooperativas, qual a importância do trabalho coletivo e também aprendemos a gerir nosso negócio. Com a cooperativa, nós somos os chefes”, relata. A cooperativa comandada por Gilda tem ares de empresa grande, com direito a setor jurídico e contábil. “Nós mesmos elaboramos nosso plano de negócios, fechamos parcerias com condomínios e conseguimos apoio financeiro pelo BNDES. Minha renda atualo é muito melhor que a de quando estava no lixão e trabalho muito menos, me preservo muito mais”, explica.

O sentimento cultivado nas cooperativas é o da coletividade, o mesmo que rege a vontade de crescer e de mudar de vida. “Trabalhei dez anos no lixão, eu sei o que é aquilo lá. Quando você trabalha só e sem infraestrutura, você até tem uma certa renda. Mas quando você dispõe de infraestrutura, você tem condição de verticalizar a produção. O que nós queremos é que todos os catadores que estão no lixão venham para as cooperativas ou criem as suas, porque esse sistema de trabalho nos dá meios de crescer nessa cadeia, isso sem falar nas condições de trabalho incomparáveis”, conclui.

Foto:Comunicação PMCG

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