O homem que foi preso na noite de ontem (30) por manter a própria namorada, de 21 anos, em cácere privado e praticar sessões de tortura contra a mesma deve passar por audiência de custódia entre essa terça (31) e a quarta-feira (1º) para saber se continuará detido ou se poderá aguardar a conclusão da investigação em liberdade.
O crime aconteceu em uma casa no bairro Vila Almeida e foi descoberto pelo irmão da vítima, após receber uma ligação dela relatando a situação na qual estava passando. Ele então acionou a Polícia Militar, que rapidamente foi ao endereço para averiguar os fatos, sendo recebida no portão de entrada pelo suspeito.
Na conversa, o homem de 27 anos negou as informações, porém, os militares conseguiram avistar a vítima pela porta da casa em uma situação suspeita. Ela estava seminua coberta apenas por um lençol e com muitos ferimentos pelo corpo e sinais de queimadura até mesmo no cabelo.
Enquanto a polícia conversava com o suspeito, o irmão da vítima e responsável pela denúncia, chegou ao local e fez o reconhecimento. Nesse momento, segundo a Polícia Militar, o agressor tentou voltar para dentro e trancar o portão para impedir a captura, mas foi contido e preso em flagrante.
Em conversa com uma policial feminina que participava da ocorrência, a vítima confessou que estava em cárcere privado desde o último sábado (28), quando discutiu com o namarado e este passou a agredi-lá. Naquele dia, eles estavam celebrando o aniversário dela. O casal estava junto há um ano e quatro meses.
Para impedir que fugisse da casa, ele usou uma fita tipo silver tape para amarrar ela em uma cadeira. Ao longo de todo o domingo e a segunda-feira, a vítima sofreu com sessões de tortura que iam desde tapas até o uso de um maçarico para queimar a pele e o cabelo. O sujeito também jogou contra ela um jato de inseticida e a estuprou.
Para evitar qualquer suspeita, o homem fez a vítima contar para os familiares que estava tudo bem, porém, que passaria alguns dias no hospital com o namorado. Dentro da casa foram apreendidas uma faca de 30 centímetros, um ferro de passar, maçarico, pomadas de queimadura e isqueiros. Também foram encontrados tubos de cabelo da vítima na pia do banheiro.
Agressor negou os fatos
Em depoimento na sede da DEAM (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), responsável pelo caso, o agressor negou o crime e justificou os ferimentos da namorada como sendo decorrentes de uma queda sobre o narguilê. Entretanto, confirmou que o relacionamento do casal não era estável e tinha histórico de brigas.
No sábado, quando tudo teve início, ele contou que a namorada estava celebrando o aniversário em uma tabacaria junto de outras pessoas. Quando estavam indo embora para casa, tiveram uma discussão por motivos não revelados e que, nesse momento, ela teria se jogado do carro em movimento na Avenida Duque de Caxias.
Após resgatá-la da rua e chegarem na residência, os dois continuaram brigando e ele acabou derrubando, sem querer, álcool contra ela logo depois de acender o narquilê, logo em seguida, a vítima caiu sobre o objeto e se queimou. Para ajudá-la, ele pegou uma toalha molhada e colocou no corpo, depois foi atrás de pomadas para queimaduras.
Sobre as vestimentas que ela usava, o agressor disse que jogou dentro do Córrego Prosa, mas não revelou o motivo. Ele também justificou que, desde o acidente, a mulher tinha dificuldades para se vestir sozinha e se locomover. Questinado sobre o porque não lebou a namorada ao hospital, ele disse que tem ficha suja e que ficou com medo de ser preso.
A versão da vítima
Já a jovem de 21 anos restagada contou para a polícia que a confusão com o namorado começou por volta das 02 horas de sábado, na tabacaria, quando celebravam o seu aniversário. Após a briga em público, ela pediu para que ele a levasse para a sua casa, porém, o homem negou e disse que iriam para a casa dele.
Na briga dentro do carro, ela tentou se defender e puxou o freio de mão para parar o veículo e tentar sair, mas o namorado passou a enforcá-la e ela desmaiou. Quando acordou, segundo disse, já estava na casa do namorado sem roupas e amarrada com fita adesiva cinza.
Em seguida, o homem derrubou um vidro de álcool sobre o corpo dela e usou um spray de inseticida e um isqueiro como uma espécie de maçarico para queimã-la no lábios. Depois da tortura, ele a soltou e a levou para o banheiro, onde tomou banho, mas era ameaçada o tempo todo pelo agressor, que chegou a colocar uma faca em sua direção.
No domingo (29), o autor saiu por volta das 17 horas para comprar remédios, mas a deixou trancada na casa. Para evitar que a vítima ligasse para alguém pedindo socorro, o namorado levou o telefone celular dela. No dia seguinte, ao sair para ir trabalhar, ele acabou esquecendo o celular dela na casa. Foi nesse momento que a jovem conseguiu ligar para o irmão e revelar os fatos.
