No Estado a primavera promete ter eventos climáticos severos
A primavera inicia oficialmente às 8h44 deste domingo (22) em Mato Grosso do Sul e segue até o dia 21 de dezembro. Além de multiplicar as flores pelas ruas, a nova estação deve trazer um alívio também para a qualidade do ar, trazendo o retorno gradual das chuvas, mas ainda será marcado por uma estação de extremos no Estado.
O início da primavera ainda deve ser de calor, com previsão de novas ondas de calor, principalmente na primeira quinzena de outubro. Mas ao longo da estação que vai até o dia 21 de dezembro, a expectativa é que as temperaturas voltem para um padrão mais próximo da normalidade para o período.
A primavera é caracterizada como um período de transição entre a seca do inverno e a estação chuvosa do verão, com o retorno gradual das chuvas na região central do Brasil e uma maior incidência de radiação solar, resultando em elevação das temperaturas, podendo ocorrer eventos climáticos severos quanto para os riscos ambientais associados ao calor intenso e ao fenômeno La Niña.
O retorno da chuva regular é muito esperado neste momento, não só para ajudar a apagar estes incêndios, mas para refazer a umidade do solo para que se possa iniciar o plantio da nova safra agrícola. A chuva do verão 2023/2024 ficou abaixo do desejado, e assim, o Brasil sente os efeitos da estiagem prolongada e do calor intenso.
O acumulado de chuvas esperado para o trimestre de outubro, novembro e dezembro deve ficar dentro ou próximo da média histórica. Já as temperaturas devem ficar acima da média histórica em Mato Grosso do Sul, ou seja, um trimestre mais quente do que o normal, com risco de ondas de calor se formarem ao longo da estação.
Vinícius Lucyrio, meteorologista do Climatempo, analisou os principais aspectos da primavera 2024, confirmando a formação de um novo La Ninã. “Houve um incremento na chance de La Niña segundo a última projeção do IRI/CPC. Agora há 81% de chance de ocorrência do fenômeno no trimestre outubro-novembro-dezembro e 83% para o trimestre novembro-dezembro-janeiro. Portanto, deveremos ter sim a instalação do fenômeno, especialmente ao longo de outubro. O resfriamento também aumentou nas últimas semanas, em especial nas porções a leste do Pacífico Equatorial”, afirmou.
Estação do ano
Conforme explica astrônoma do Observatório Nacional, Josina Nascimento, as diferentes estações do ano acontecem porque o eixo de rotação da Terra é inclinado em relação ao seu plano de órbita e, além disso, pelas diferentes posições da Terra em sua translação em torno do Sol.
“À medida que a Terra orbita o Sol, seu eixo inclinado sempre aponta na mesma direção e isso faz com que diferentes partes da Terra recebam os raios diretos do Sol. O instante exato do início de uma estação do ano é determinado por uma posição específica da Terra em sua órbita”, diz Josina.
A astrônoma também explica que para compreender o exato instante do início das estações, é preciso imaginar a Terra parada e o Sol se movendo em relação a nós. Nessa perspectiva, o Sol percorre um caminho que se chama eclíptica. O instante do equinócio de setembro é aquele em que o Sol cruza o equador celeste, que é a extensão do equador terrestre, indo de norte para sul. No hemisfério sul é o equinócio de primavera e no hemisfério norte é o equinócio de outono.
Posições da Terra nos solstícios e equinócios
As estações do ano são marcadas pela maneira como os raios solares incidem nos hemisférios. Além da temperatura, um dos efeitos que evidenciam as estações é a variação dos comprimentos dos dias, ou seja, a quantidade de tempo que o Sol fica acima do horizonte. Nas regiões próximas ao equador terrestre, esse efeito praticamente não existe. No entanto, quanto mais nos afastamos do equador terrestre, mais esse efeito torna-se evidente.
“No início da primavera, os dias terão aproximadamente o mesmo comprimento das noites. No hemisfério sul, os dias vão ficando cada vez maiores e as noites cada vez menores, até o maior dia do ano, que ocorre no início do verão, que neste ano será dia 21 de dezembro”, explica Josina.
Os locais onde o Sol nasce e se põe e o caminho que o Sol faz no céu também difere de acordo com as estações do ano.
Nos equinócios, por exemplo, o sol nasce no ponto cardeal leste e se põe no ponto cardeal oeste. Já nos solstícios o sol nasce em máximo afastamento do ponto cardeal leste e se põe no máximo afastamento do ponto cardeal oeste.
No hemisfério sul, o máximo afastamento do nascer do sol no solstício de verão ocorre para sudeste e no ocaso (pôr do sol) para sudoeste; inversamente, no solstício de inverno o máximo afastamento do Sol no nascer é para nordeste e no ocaso para noroeste.
Josina explica que os solstícios e equinócios não ocorrem exatamente nos mesmos dias do ano a cada ano. Por exemplo, a primavera nos anos atuais pode ser no dia 22 de setembro em alguns anos e no dia 23 em outros anos.
Há alguns fatores envolvidos nessa diferença. Um deles é porque o tempo decorrido entre dois equinócios de março, o chamado ano trópico, é menor que o ano sideral, definido como o tempo de translação da Terra em torno do Sol.
“O nosso Calendário Gregoriano baseia-se no ano trópico e institui um ano bissexto em todos os anos divisíveis por 4, exceto para séculos inteiros, que só são bissextos se forem múltiplos de 400. Isso faz com que o instante do início de uma estação seja próximo ao instante do início da mesma estação 4 anos antes ou 4 anos depois”, explica Josina.