Os feriados da Proclamação da República, em 15 de novembro, e da Consciência Negra, em 20 de novembro, vão muito além de dias de descanso. Representam capítulos essenciais da história brasileira e evidenciam o longo caminho do país em direção à justiça social, igualdade e pluralidade. Cada uma dessas datas simboliza uma promessa de transformação, de uma sociedade democrática e de um Estado que respeita e valoriza todos os seus cidadãos.
Em 15 de novembro de 1889, o Brasil rompeu com a monarquia e assumiu os ideais de uma república, proclamando-se como nação de cidadãos livres e iguais. Contudo, apesar desse avanço institucional, a jovem república manteve intactas várias das desigualdades que herdou, especialmente aquelas ligadas ao racismo estrutural e à exclusão dos negros recém-libertados da escravidão.
A data convida o país a refletir sobre o que foi conquistado e o que ainda resta para consolidar as bases democráticas e republicanas. Em uma república, os ideais de liberdade, de justiça e de direitos iguais para todos são primordiais — ainda que, no Brasil, isso tenha sido e continue sendo um processo gradual e incompleto.
Poucos dias depois, em 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra nos lembra da força e da resistência dos afro-brasileiros que ajudaram a construir este país. A data faz referência ao herói Zumbi dos Palmares e representa a luta constante pela igualdade e reconhecimento de um povo que enfrenta, há séculos, as barreiras do preconceito e da segregação. Hoje, o feriado de Consciência Negra é uma voz contra a discriminação e um apelo por uma sociedade mais inclusiva e justa para a população negra.
Esses feriados são duas faces de uma mesma moeda: ambos celebram ideais de liberdade e igualdade, mas evidenciam também as lacunas do projeto republicano brasileiro. A verdadeira república só será plena quando a justiça e a igualdade racial forem realidades vividas por todos os cidadãos.
Embora sejam feriados distintos, Proclamação da República e Consciência Negra têm um vínculo: ambos nos lembram das promessas ainda não cumpridas de um Brasil mais justo, igualitário e plural. A Proclamação da República trouxe a esperança de uma nação livre de desigualdades, mas foi limitada pelo racismo estrutural e pela marginalização de comunidades afrodescendentes. Essa marginalização histórica reverbera até hoje, e o Dia da Consciência Negra é uma lembrança de que a “república” brasileira deve ainda fazer muito para honrar seus cidadãos negros, indígenas e outros grupos marginalizados.
Estes dois feriados não devem ser vistos apenas como dias de folga, mas como momentos de reflexão sobre a construção de uma sociedade que respeite todos os seus cidadãos e valorize a pluralidade cultural. A Proclamação da República e o Dia da Consciência Negra nos inspiram a lutar por um Brasil mais justo e inclusivo, onde a verdadeira igualdade — racial, social e econômica — seja alcançada, honrando tanto os ideais republicanos quanto o legado da resistência negra.
Mais do que nunca, a proximidade entre o 15 e o 20 de novembro deveria incentivar uma reflexão profunda sobre os ideais que fundamentam nossa sociedade e sobre os obstáculos que ainda restam para consolidar uma nação que faça jus ao título de república. Que cada um desses feriados inspire ações concretas em prol de um Brasil que valorize sua diversidade e reconheça, na prática, os direitos de todos os seus cidadãos.