Apesar da redução na área plantada, Mato Grosso do Sul deve colher uma segunda safra de milho 20,6% maior do que no ciclo anterior. A estimativa é da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja), que aponta produção de 10,2 milhões de toneladas até o fim da safra 2024/2025. O avanço é atribuído à expectativa de produtividade média de 80,8 sacas por hectare.
Até o dia 28 de março, 92,6% da área destinada ao milho safrinha — ou segunda safra — já havia sido plantada, num total de cerca de 1,9 milhão de hectares. Apesar do bom ritmo, o índice representa queda em relação aos anos anteriores. A área dedicada ao milho equivale agora a 47% da superfície plantada com soja, bem abaixo dos 75% já registrados em ciclos passados.
A região norte do Estado lidera o avanço do plantio, com 98,1% da área já semeada, seguida pelo sul (92,6%) e centro (91,8%). Mesmo assim, o plantio está 0,5 ponto percentual abaixo da média dos últimos cinco anos.
Segundo a Aprosoja, a diminuição da área de milho é reflexo direto da alta nos custos de produção e da instabilidade climática. O Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima) alerta para condições adversas entre abril e junho, com previsão de chuvas abaixo da média e temperaturas elevadas — cenário que pode comprometer a produtividade, especialmente nas regiões oeste e sudeste do Estado.
“A segunda safra de milho corre grande risco de sofrer com a estiagem”, afirma Gabriel Balta, coordenador técnico da Aprosoja.
Soja em alta, mas com perdas regionais
A colheita da soja também segue avançada em Mato Grosso do Sul. Até o fim de março, 93% da área monitorada — equivalente a 4,1 milhões de hectares — já havia sido colhida. A produção foi estimada em 14,6 milhões de toneladas, alta de 18,9% em relação ao ciclo anterior. O número foi impulsionado pela revisão da produtividade média, que passou de 51,7 para 54,4 sacas por hectare, com base em amostragem de 10,7% da área plantada.
A área total de soja também cresceu, chegando a 4,5 milhões de hectares, um aumento de 6,8% frente à safra 2023/2024. No entanto, 2,2 milhões de hectares (51% do total) foram afetados por estresse hídrico, principalmente nas lavouras plantadas entre setembro e meados de outubro.
Nas regiões norte, nordeste e oeste, a maior parte das lavouras apresenta boas condições, variando entre 68,5% e 85,9%. Já nas regiões sudeste, centro, sudoeste, sul-fronteira e sul, até 48,1% das áreas estão em condições consideradas ruins.
A Aprosoja ressalta que os dados ainda são preliminares e sujeitos a alterações. A consolidação dos números depende da conclusão da amostragem — que deve atingir ao menos 30% da área cultivada — e da revisão por sensoriamento remoto, a ser realizada após o encerramento da colheita.