Mais um retrato da situação caótica em que se encontra a saúde pública de Campo Grande pode ser testemunhada na manhã desta terça-feira (1º), na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Coronel Antonino, uma das que mais recebe pacientes da cidade.
Completamente lotada e com poucos médicos atuando, o pai de uma criança que aguardava pelo atendimento acionou a Polícia Militar após, supostamente, flagrar a médica dormindo em uma das salas, o que não foi comprovado depois.
Por conta disto, houve um grande bate-boca no local, que só parou quando a gerente da UPA apareceu e determinou a suspensão dos atendimentos até que um representante da Secretaria Municipal de Saúde Pública (Sesau) chegasse.
Briga foi por falta de vaga na enfermaria
Procurada, a Sesau não se manifestou sobre o ocorrido até o momento. Já o Sinmed-MS (Sindicato dos Médicos de Mato Grosso do Sul), que acompanhou o caso, explicou que não havia vaga na enfermaria da UPA para a internação da paciente.
A entidade representativa detalhou ainda que a criança apresentava quadro clínico de hemorragia nasal e vômito, sendo atendida, medicada e recebeu o soro na sala de medicação, pois não havia leito disponível na ala de internação infantil.
O Sindicato negou a denúncia de que a médica estaria dormindo, garantindo que toda a equipe estava atendendo e ressaltou que a demanda está grande na unidade e pediu paciência a população, pois os médicos estão fazendo o melhor que podem.
Defensoria Pública acompanha a crise na saúde
A Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul informou que está acompanhando a falta de vagas hospitalares em Campo Grande. A demanda cresceu de 55 casos/mês para 90 entre fevereiro e março de 2025, um aumento de quase 64% em somente um mês.
Segundo a coordenadora do Núcleo de Atenção à Saúde (NAS), defensora pública Eni Maria Sezerino Diniz, a maioria dos casos envolve pacientes vítimas de acidente vascular cerebral (AVC). Além disso, 90% vêm de unidades da Unidade de Pronto Atendimento (UPA).
Na última sexta-feira (28), somente até o início da tarde, a Defensoria já havia recebido 13 pedidos para internação hospitalar, um número considerado atípico, já que a média semanal costumava ser de seis solicitações.
“Nestes casos, a Defensoria atua por meio de ações individuais para garantir a internação dos pacientes, mas também trabalha em uma frente coletiva para estabelecer um fluxo mais rápido para esses atendimentos”, detalha a defensora.