21.8 C
Campo Grande
segunda-feira, 16 de setembro, 2024
spot_img

Rio Miranda tem pontos com menos de 50 cm de profundidade onde antes eram de mais de 5 metros

Uma expedição promovida pelo Instituto Homem Pantaneiro (IHP), em conjunto com outras instituições, revelou a real situação do Rio Miranda, um dos principais tributários do rio Paraguai, que forma o Pantanal de Mato Grosso do Sul.

Durante os trabalhos, constatou-se só na região de nascente, ao longo de 70 km, 53 hectares de passivos ambientais que precisam de recuperação. A água está em níveis críticos, com menos de 50 cm em trechos que já registraram mais de 5 metros.

Um relatório detalhado sobre os passivos identificados na expedição e informações complementares de outros monitoramentos ambientais vão ser submetidos ao Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Miranda.

Rio Miranda tem pontos com menos de 50 cm de profundidade onde antes eram de mais de 5 metros
Foto: IHP/Divulgação

O objetivo é subsidiar uma reunião ordinária do colegiado para tomada de decisões futuras. Também será encaminhado ao Ministério Público Estadual (MPMS), promotoria de Jardim, para despachos futuros.

O biólogo do IHP, Wener Hugo Moreno, explica que áreas de preservação permanente (APP), que deveriam ter 50 metros de proteção, em alguns pontos inexistem. “Com a falta de vegetação, o rio tem uma força natural e ele vai carregando esses sedimentos”, disse.

Segundo ele, isso vai causar falta de navegabilidade. “A profundidade do rio é alterada, os barrancos cedem e proprietários sofrem prejuízos financeiros. Um proprietário tinha 11 hectares e já perdeu quatro. Afeta também a presença da biodiversidade”, detalhou.

O presidente do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Miranda e do IASB, Eduardo Foley Coelho, aponta que é preciso um trabalho conjunto para buscar reverter a atual degradação.

“Queremos mostrar a situação para que, todos juntos, possamos tomar medidas que ajudem a reverter esse quadro que estamos enfrentando. O rio Miranda está em um processo de degradação muito forte”, alertou.

Rio Miranda tem pontos com menos de 50 cm de profundidade onde antes eram de mais de 5 metros
Foto: IHP/Divulgação

O promotor de Justiça da Comarca de Jardim, Allan Carlos Cobacho do Prado, destaca que a atual estiagem tem causado mais problemas à saúde do rio Miranda. “Com a seca extrema, a gente identificou que a situação piorou. Podemos atuar instaurando inquérito civil para cobrar a recuperação de áreas”, adiantou.

A doutora em Geografia e professora da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) campus Jardim, Cristiane Dambrós, detalha que foram feitas coletas para análise da presença de possíveis produtos poluidores e que vai subsidiar relatórios.

“Vimos comprometimento de algumas partes do leito por conta do assoreamento intensificado. Alguns bancos de areia mostram características de consolidação, ou seja, já há presença de vegetação e o próximo passo é que eles formem ilhas”, disse.

O Rio Miranda e sua bacia

Rio Miranda tem pontos com menos de 50 cm de profundidade onde antes eram de mais de 5 metros

Integram a bacia do rio Miranda os municípios de Terenos, São Gabriel do Oeste, Campo Grande, Bandeirantes, Dois Irmãos do Buriti, Aquidauana, Rochedo, Maracaju, Bodoquena, Bonito, Nioaque, Sidrolândia, Corguinho, Jardim, Corumbá, Miranda, Ponta Porã, Rio Negro, Guia Lopes da Laguna, Porto Murtinho e Anastácio.

A bacia abrange 44.740 km² e cerca de 50% da população de Mato Grosso do Sul vive nos municípios que contribuem com essa bacia. Ela ainda integra a Bacia do Alto Paraguai.

Fale com a Redação