O rio Paraguai atingiu uma marca histórica no último sábado (28). Na estação de medição de Ladário, o nível chegou a 1,10 metro, conforme medição realizada pelo Centro de Hidrografia e Navegação do Oeste, do 6° Distrito Naval da Marinha. Esta é a maior altura registrada para o mês em cinco anos.
Para comparação, em 2019, nesta mesma data, o nível do rio era de 1,05 metro. Naquele ano, o pico da cheia foi de 3,92 metros, registrado entre 17 e 18 de julho. Já em 2023, o rio ultrapassou os 4 metros, atingindo 4,24 metros no dia 23 de julho.
O dado atual ganha relevância ao apontar para uma possível mudança no ciclo da bacia do rio Paraguai, que enfrentou a maior seca da história em 2024. Em 17 de outubro, o nível do rio chegou a -69 centímetros, um recorde negativo desde o início dos registros na régua de Ladário, em 1900.
Além de ultrapassar a previsão do Serviço Geológico do Brasil (SGB), que em boletim de 26 de dezembro estimava que o rio permaneceria abaixo de 1 metro até meados de janeiro de 2025, o nível de 1,10 metro sinaliza uma tendência de recuperação. Nesta segunda-feira, 30 de dezembro, o rio subiu mais dois centímetros, marcando 1,12 metro.
A régua de Ladário é um indicador-chave para o comportamento hídrico no Pantanal. Segundo a classificação do Relatório Final do Programa de Ações Estratégicas para o Gerenciamento Integrado do Pantanal e da Bacia do Alto Paraguai, uma cheia é caracterizada quando o rio atinge 4 metros. A variação entre 4 e 5 metros indica uma “cheia pequena”, enquanto os níveis de 5 a 6 metros correspondem a uma “cheia normal”. Acima de 6 metros, o fenômeno é considerado “cheia grande” ou “super cheia”.
A maior cheia do século passado ocorreu em abril de 1988, quando o rio Paraguai atingiu 6,64 metros na régua de Ladário. A retomada do nível atual aponta para o início de um possível ciclo de recuperação após anos de extrema seca, com impactos diretos para o Pantanal e seu ecossistema.