Sitiantes que residem nas imediações do condomínio de luxo Nasa Park, localizado nas margens da rodovia federal BR-163, na divisa entre as cidades de Campo Grande e Jaraguari, não sabiam da existência da barragem. A estrutura se rompeu logo nas primeiras horas da manhã desta terça-feira (20) e interditou o trecho da via.
Alguns moradores das imediações tiveram que deixar as casas correndo, pois a enxurrada tomou conta do local de uma forma muito rápida. Pelo menos cem pessoas tem propriedade na região próxima à barragem. Não há informações de vítimas até o momento.
Um morador relatou que reside com a mãe e mais três crianças. Aos jornalistas, detalhou que recebeu uma mensagem do seu cunhado alertando sobre o rompimento da barragem, porém, cerca de quatro minutos depois a água já tinha invadido a sua chácara.
“Só tive tempo de colocar a família no carro e fugir”, disse ele, em completo estado de choque. Ainda segundo ele, sua mãe tem dificuldades de locomoção. Por sorte, ninguém da família se feriu no acidente.
Outro morador declarou que quer justiça e ressarcimento pelos danos. “O sentimento é de revolta, é um descaso com a nossa população. Essa tragédia já estava anunciada, ali onde eu moro tem cerca de 10 casas, com certeza a água invadiu e destruiu tudo”, revelou.
Outra pessoa afirmou que teve a casa inundada. A água desceu em correnteza forte, destruindo tudo que encontrava pelo caminho e ficou em um metro da casa, destruindo móveis, eletrodomésticos e deixando muita lama pelo local.
Outros trabalhadores ficaram desesperados com a cena. “Destruiu tudo, levou casas, os animais, pessoas saíram com a roupa do corpo”, comentou o funcionário público, João Paulo Pereira, 41 anos.
A concessionária CCR MSVia apresentou uma alternativa para quem vai de Campo Grande à Jaraguari por meio do distrito de Rochedinho, na rodovia estadual MS-010, indo pelo km 511 da BR-163. O caminho é, em média, 40 a 50 km mais longo.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF), Defesa Civil, Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) e o Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis) estão no local do acidente.
O Corpo de Bombeiros relatou que há destruição de casas e faz a verificação da situação. O trecho da BR-163 vai ficar interditado até que um engenheiro técnico possa fazer a avaliação e garantir a segurança do trecho.
Essa é a segunda vez na história que a barragem estoura. A primeira ocorreu há cerca de 20 anos, segundo o relato de moradores da região. Na época, embora não tenha registros midiáticos, os danos causados foram menores.
Agora, pelas imagens áreas registradas pela Defesa Civil, a tragédia ambiental e estrutural foi gigantesca e irreversível. “Acabou tudo, só galho e peixe”, descreve o microempreendedor David Silva, que fez um sobrevoo na região.
