De acordo com informações do Projeto SIGA-MS, executado pela Aprosoja/MS, cerca de 1,7 milhão de hectares de soja estão afetados pelo estresse hídrico em Mato Grosso do Sul, o que representa 38% da área total.
A baixa precipitação impactou principalmente os municípios da região sul do estado, com cerca de 30 municípios abaixo da produtividade média estadual estimada. São eles: Amambai, Iguatemi,Tacuru, Glória de Dourados, Coronel Sapucaia, Vicentina, Fátima do Sul, Paranhos, Ivinhema, Deodápolis, Mundo Novo, Bela Vista, Jardim, Caarapó, Juti, Bataguassu, Dourados, Douradina, Taquarussu, Anaurilândia, Eldorado, Aquidauana, Sete Quedas, Caracol, Angélica, Japorã, Dois irmãos do Buriti, Jateí, Batayporã e Nova Alvorada do Sul.
“Analisando a estiagem na região sul, observamos 30 dias de seca moderada, com poucas chuvas variando entre 1,4 mm e 66,6 mm, e 10 dias de seca severa, sem precipitações. As lavouras mais atingidas são aquelas implantadas entre setembro e meados de outubro. Em dezembro, essas lavouras iniciaram o período de enchimento de grãos e, agora, em janeiro, estão no período de maturação e colheita”, relata o coordenador técnico da Aprosoja/Ms, Gabriel Balta.
Ainda de acordo com dados do SIGA-MS, em 17 de janeiro aproximadamente 55% das lavouras estavam nos estádios fenológicos mais críticos, divididas em 23% em enchimento de grãos, 29% com grãos cheios e 3% no início da maturação, com grande parte na região sul, que costuma plantar antecipadamente.
“Foi registrada chuva com bons acumulados na região sul do estado, entre os dias 18 e 20 de janeiro, onde serão observados resultados nas próximas semanas, no entanto, é necessário que as chuvas voltem a ser frequentes para continuar a manutenção do desenvolvimento da soja”.
De acordo com a previsão do Centro de Monitoramento de Tempo, do Clima e dos Recursos Hídricos de Mato Grosso do Sul (Cemtec), espera-se volumes de até 178 mm para a região sul, o que ainda pode salvar muitas lavouras que não iniciaram o período de enchimento de grãos.
Município de Amambai
O município de Amambai, localizado no sul de Mato Grosso do Sul, destaca-se na safra 2023/2024 com uma diversidade de culturas agrícolas. De acordo com dados do projeto SIGA-MS, a produção de soja é a mais expressiva, com 135.327,45 hectares cultivados, na safra 2023/2024.
A baixa precipitação atingiu cerca de 90% das lavouras do município, com 60% delas afetadas de forma severa, levando os produtores rurais a solicitarem um pedido de emergência.
“Ao analisarmos os dados das estações meteorológicas oficiais dos últimos 30 dias, constatamos uma redução na precipitação e um aumento nas temperaturas no município, em comparação com os municípios vizinhos. Essa situação reflete a realidade no campo, comprometendo a produção agrícola local”, diz Gabriel.
A Aprosoja/MS subsidiou o sindicato rural, elaborando dados específicos para embasar o pedido de emergência, que, segundo o presidente do sindicato, Manoel Douglas, deve ser feito até o final desta semana. “Já identificamos uma quebra consolidada no município. No último sábado retornou a chuva, depois de mais de 30 dias, mas não vai resolver a situação”, relata o presidente.
De acordo com o produtor rural e diretor da Aprosoja/MS, Diogo Peixoto, a produtividade média de algumas propriedades de Amambai despencou de 60 para 30 sacas por hectare. “Se você falar em 144 mil hectares cultivados do município, a quebra é gigante. E isso vai trazer um impacto financeiro para os produtores, para o comércio, para as revendas, cooperativas, e para os bancos. Nós estamos nos preparando para decretar o estado de emergência, para que os produtores renegociem as dívidas, estendam o prazo de pagamentos, para que a gente possa se organizar para cumprir os nossos compromissos. É bastante difícil o período e a gente está se organizando para isso. Com certeza é um drama que o sul do estado está vivendo.”
A Aprosoja/MS continua avaliando esses dados semanalmente, utilizando a metodologia de condições das lavouras. “Com o início da colheita no estado, amostraremos a soja e apresentaremos as produtividades máximas e mínimas obtidas pelos produtores. Esses dados da safra serão finalizados em maio deste ano, revelando a realidade da safra 2024/2025”, finaliza Gabriel
Situação de Emergência
Na prática, após um decreto de emergência, o produtor pode acionar o seguro, conseguir com as instituições financeiras a possibilidade de ampliar o pagamento de suas dívidas e abre a oportunidade de negociação. O decreto também permite que o poder público municipal, estadual e federal possa auxiliar neste momento.
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