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quarta-feira, 20 de novembro, 2024
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Saiba o que acontece depois que o fogo de um incêndio florestal é apagado

Protocolo é dividido em resgate de fauna, limpeza da área, recuperação e proteção

O incêndio que atingiu o Parque Nacional de Brasília há 15 dias está controlado, mas ainda não foi extinto. O fogo chegou a 1.433 hectares, o que corresponde a 3% da área de proteção ambiental. Já o incêndio do início de setembro na Flona (Floresta Nacional de Brasília) atingiu 2.500 hectares, 45,85% do território. Apesar da parte mais intensa do trabalho de combate ao fogo ter passado, o serviço para recuperar as áreas está longe do fim.

Em áreas de preservação federal, caso do Parque e da Flona, o protocolo seguido em casos de incêndio é dividido em quatro etapas. Cada uma delas é longa e exige o trabalho de várias pessoas. São elas: protocolo de resgate de fauna; limpeza da área; recuperação da área; e proteção e preservação. Entenda como funcionam cada uma delas:

Resgate de animais

Depois do combate ao incêndio e quando a área está segura, começa o protocolo de resgate da fauna local, em que equipes vão a campo procurar por animais feridos para efetuar o resgate. A coordenadora do PPCIF (Plano de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais) da Sema (Secretaria do Meio Ambiente), Carolina Schubart, explica que além do resgate, essa fase também inclui a distribuição de alimentos e de água como incentivo para que os animais que fugiram voltem para a área.

As equipes realizam tratamentos emergenciais no local e, em caso de ferimentos sérios, eles são recolhidos para tratamento. “O animal só vai ser resgatado se ele estiver em condições extremas que coloque em riscos a existência dele. Mas se ele tem condição de continuar ali, a gente não faz a contenção”, explica. Duas antas foram resgatadas no Parque Nacional e um tamanduá-bandeira na Flona.

Os animais resgatados são levados para o HFAUS (Hospital e Centro de Reabilitação da Fauna Silvestre) do Ibram (Instituto Brasília Ambiental), Zoológico de Brasília, Hospital Veterinário da UnB (Universidade de Brasília) ou para o Cetas (Centro de Triagem de Animais Silvestres) do Ibama.

Limpeza

Depois que os animais feridos foram resgatados, inicia-se a limpeza da área atingida, com retirada de madeiras caídas, troncos queimados e outros restos da queimada. Árvores podres e com potencial de queda também são retiradas.

Recuperação

A fase seguinte é a de recuperação da área, começando com um levantamento dos danos efetivos. São feitas análises do solo, para determinar a perda de nutrientes, e da vegetação sobrevivente. “É feito todo um estudo de como vamos recuperar, qual é a melhor forma de recuperar”, explica a coordenadora.

Para as plantas, dois processos são usados: plantio de mudas ou semeadura de espécies locais. Schubart explica que, apesar das mudas serem um processo mais rápido, elas são mais caras. Além disso, sementes plantadas que crescem no terreno tendem a chegar mais perto da vegetação original da área.

“O ideal é que a gente consiga recuperar a área ao estágio mais próximo do que ela tinha na sua composição original, o que é muito difícil. A gente sabe que algumas espécies nativas em algumas áreas viviam há anos ali. Para a gente conseguir chegar no estado original, é muito difícil”, detalha.

“A recuperação é a fase mais difícil e mais demorada, pode durar anos. Dependendo da vegetação que é perdida, não tem mais como recuperar”, lamenta.

Proteção e prevenção

Depois da recuperação, vem a proteção da área. Schubart explica que essa fase é composta por um combo de ações que inclui cursos de capacitação para pessoas locais, campanhas de conscientização e a aplicação de aceiros — faixas de terreno sem vegetação que funcionam como barreiras contra a propagação de fogo.

Existem algumas ações preventivas que podem ser feitas na fase de proteção, como contratação de brigadistas e compra de equipamentos e ferramentas.

A coordenadora afirma que “uma área que sofreu com incêndio já é uma área fragilizada” e por isso a recuperação não é fácil. “As pessoas falam que o Cerrado é resiliente, que é um bioma em que as árvores e vegetação é própria para aguentar o incêndio, mas depende. Se for sempre, todo ano naquele mesmo local, aí não tem árvore do Cerrado que aguente”, explica.

Atualmente, a Flona está na fase de limpeza da área, enquanto o Parque Nacional ainda tem equipes focadas em extinguir completamente as chamas e outras no resgate de animais.

Fonte: R7

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