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domingo, 13 de abril, 2025
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Sala adaptada garante acolhimento e inclusão, somando mais de 1,7 mil de identidades com símbolo do TEA

Desde dezembro de 2024, quem passa pelo Posto de Identificação do Pátio Central, em Campo Grande, encontra mais do que um serviço público: encontra respeito. Com a ativação da sala ‘Posto Amigo do Autista’, pessoas com TEA  (transtorno do espectro autista) e outras condições sensoriais passaram a contar com um ambiente adaptado e acolhedor durante a emissão da nova Carteira de Identidade Nacional (CIN).

A iniciativa foi idealizada pela perita papiloscopista Maira Cappi, que recebeu o XVIII Prêmio Sul-Mato-Grossense de Inovação na Gestão Pública em novembro de 2023, após apresentar um projeto voltado ao atendimento mais humanizado e eficiente para pessoas neurodivergentes. A proposta surgiu a partir de vivências da servidora, incluindo a participação em um seminário promovido pelo Corpo de Bombeiros em 2022, onde teve contato direto com os desafios enfrentados por pessoas autistas em serviços públicos.

“Essa sala foi pensada para facilitar a rotina de quem enfrenta barreiras sensoriais. Tudo era muito difícil, especialmente por causa da luz intensa, dos sons e do toque. O posto, por estar dentro de um shopping, tem um nível de ruído que acabava desregulando muitas crianças. Foi naquele seminário que percebi como nossas práticas estavam desatualizadas e comecei a buscar formas de tornar esse espaço mais acessível, acolhedor e eficiente”, relata Maira.

A ideia contou com o apoio da deputada estadual Mara Caseiro, autora da indicação parlamentar, e foi incluída no contrato de gestão entre a Polícia Científica e a Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), com investimento estadual de R$ 82 mil para tornar o projeto realidade.

Sala adaptada garante acolhimento e inclusão, somando mais de 1,7 mil de identidades com símbolo do TEA

Para o coordenador-geral de Perícias, José de Anchiêta Souza Silva, e o diretor do Instituto de Identificação da Polícia Científica, Daniel Freitas, a iniciativa representa um avanço importante e tem potencial para ser levada a outras cidades. “Estamos promovendo inclusão com responsabilidade e sensibilidade. Apoiamos ações como essa porque acreditamos em uma Polícia Científica cada vez mais acessível, humana e preparada para atender todos os cidadãos”, afirmou o coordenador-geral.

Além da criação da sala, o projeto exigiu a reestruturação completa do posto. A unidade passou de 125 m² para 180 m², com locação de espaço adicional, revisão do fluxo interno e a construção do novo ambiente de 15 m², equipado com isolamento acústico, iluminação suave, ar-condicionado e brinquedos sensoriais.

Quem vivenciou essa transformação foi Luciene Ribeiro, mãe de Daniel, de 11 anos. Em uma tentativa anterior de fazer o documento, a família precisou interromper o atendimento por conta da sobrecarga sensorial. “Quando eu ia a alguns lugares, tinha que apresentar só a certidão de nascimento, porque ele não suportava o ambiente”, contou.

Na nova estrutura, tudo foi diferente. “Dessa vez, ele se sentiu muito à vontade durante o atendimento. Vocês estão de parabéns. E mais do que uma sala adequada, percebo que aqui realmente é um posto amigo do autista, com atendimento preparado e qualificado”, afirmou Luciene, emocionada.

A adesão crescente ao novo modelo mostra a importância de ambientes preparados. Desde o início da emissão da nova CIN em Mato Grosso do Sul, em janeiro de 2024, o Estado já contabiliza 1.721 documentos com o símbolo do TEA.

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