28/02/2014 14h08 – Atualizado em 28/02/2014 14h08
Simulação de resgate usa robô que emite sinais vitais via wi-fi
Equipamento representou vítima grave, que morreu no local do acidente. Operação foi realizada em rodovia movimentada em Sorocaba.
Natália de Oliveira – Do G1 Sorocaba e Jundiaí
Uma nova tecnologia está ajudando as equipes de resgate a melhorar o atendimento de urgência em caso de acidente. Um robô que consegue falar, simular e emitir os sinais vitais de um ser humano – como batimentos cardíacos e pressão arterial – com a máxima qualidade em precisão e realismo foi utilizado em uma simulação de resgate de um acidente de trânsito. O treinamento foi realizado na manhã desta quinta-feira (27) na rodovia Celso Charuri, em Sorocaba, a 100 quilômetros da Capital paulista.
Realizada pelo Corpo de Bombeiros e a CCR Via Oeste, concessionária que administra a rodovia, a simulação teve o objetivo de identificar falhas e aprimorar o atendimento às vítimas em acidentes de trânsito nas estradas da região. O robô representou uma vítima grave durante a simulação. Após capotar na rodovia, o carro caiu em um barranco e a “vítima” ficou presa às ferragens. A equipe de resgate precisou cortar o carro para a retirada.
Durante o atendimento, a máquina apresentou sintomas que simulavam uma vítima real. Os sinais eram enviados em tempo real via wi-fi durante a operação por uma equipe médica do hospital Albert Eisntein, proprietária da tecnologia e que estava no local. Os sinais enviados representavam os sintomas da vítima, como hemorragia, fraturas, e outras situações. Conforme os procedimentos de emergência eram realizados, o quadro clínico do robô mudava.
Na simulação, devido ao estado grave, a vítima-robô não resistiu aos ferimentos, mesmo com todo procedimento médico realizado pela equipe de resgate. Na situação simulada, o protótipo teria sofrido uma amputação da perna esquerda e teve uma parada cardiorrespiratória, morrendo no local.
O simulador é utilizado pelo Centro de Simulação Realística do Hospital Albert Einstein, de São Paulo, para treinamento do corpo clínico e leigo, por meio de uma iniciativa inédita que tem como objetivo garantir a melhor aprendizagem dos profissionais, assim como reduzir o tempo de treinamento. De acordo com a coordenadora do projeto, Regina Kaneko, o robô pode ajudar a identificar erros durante o resgate de vítimas.
“A tecnologia possibilita um treinamento como se fosse uma pessoa real sendo atendida. Nesse caso, erros não vão custar a vida de ninguém. É a hora de errar e aprender com esses erros”, explica.
A empresa responsável por desenvolver a tecnologia é norueguesa e já distribuiu 45 robôs, como o utilizado no simulado desta quinta-feira, pelo Brasil. A tecnologia, que chega a custar até R$ 150 mil, visa educar a fim de salvar vidas. A técnica é a mesma utilizada pelo exército dos Estados Unidos, em situações de simulação de guerra. “Inclusive, o robô pode ter reações ao uso de drogas durante o atendimento como, por exemplo, morfinas. Fazendo com que o seu quadro varie durante o atendimento”, explica.
Além do robô, 20 pessoas participaram da simulação, que envolveu um carro (onde estava o robô), um ônibus com estudantes e um motociclista. O acidente começou a partir de um caminhão que derrubou barris com substância tóxica na rodovia e fugiu. Os barris atingiram um motociclista, que teve fratura exposta, mas, por ter sido exposto ao produto perigoso, teve o atendimento um pouco mais demorado, já que a área em que estava foi isolada e a equipe de resgate precisou utilizar roupas especiais para o resgate.
O ônibus e o carro, que seguiam atrás da moto, acabaram capotando e caíram em um barranco. Ao termino da simulação, que teve duração de uma hora e meia, quatro vítimas morreram, incluindo o robô, e o restante foi encaminhado ao hospital com ferimentos entre leves e graves. Lembrando que, apesar de uma simulação, o resgate foi realizado como se o acidente tivesse acontecido. Tanto que o helicóptero Águia da Polícia Militar participou da ação e ajudou no resgate das vítimas. A simulação chamou a atenção de quem passava pelo local e provocou congestionamento na região.
Ao termino da operação, o capitão do Corpo de Bombeiros, Ivan Luiz Godinho, admitiu que erros ocorreram durante o processo e que eles serão avaliados para que não ocorram em situações reais. “Houve uma demora na averiguação das vítimas, mas que será corrigida. Mas o objetivo era esse. Um teatro que nos ajuda a lidar com a vida real”, finaliza.