29/03/2015 11h00
Teste indica melhores aplicativos para fazer ligações pelo celular
Extra
Se os usuários de telefonia há dez anos sonhavam fazer ligações praticamente de graça, agora eles já podem escolher entre uma dezena de opções. Aproveitando os populares aplicativos de mensagens instantâneas, gigantes do setor apostam alto em ligações por tráfego de dados — ou seja, o usuário utiliza o serviço de chamadas telefônicas por meio da internet do celular, como a rede 3G (dentro da fraquia de dados de seu plano) ou o Wi-Fi (rede sem fio totalmente de graça). O EXTRA fez um teste com dois consultores de mídias sociais e avaliou os dez aplicativos mais usados com essa funcionalidade. O resultado está ao lado.
Na pesquisa, foram levados em consideração nove quesitos, entre eles se a conversa tem delay (atraso de resposta), se há interferências que atrapalham a conversa e se é possível falar por, pelo menos, cinco minutos sem interrupção da chamada.
A decisão para o primeiro lugar no ranking foi unânime: o Skype apresenta o melhor desempenho. Tanto para a analista de marketing digital Patrícia Andrade Ladeira, como para o sócio-diretor da consultoria de TI Innolevels, Henrique Biancardine, a ferramenta é a que vale mais a pena, com notas 9 e 10, respectivamente.
Em segundo lugar ficou o WhatsApp, com nota 8, segundo os dois avaliadores. O queridinho dos jovens perdeu o primeiro lugar, segundo os especialistas, por ser restrito aos usuários do Android (não disponível para iPhone, por exemplo). Por outro lado, apps como Tango, Oovoo e Nanu receberam nota 0 por falhas de acessibilidade.
‘Consigo falar pelo WhatsApp mesmo sem Wi-Fi’
Disponível para alguns usuários de aparelhos com sistema operacional Android, a opção de chamada telefônica do WhatsApp — aplicativo de mensagens instantâneas criado em 2009, com mais de 450 milhões de usuários no mundo — virou a queridinha dos mais jovens. Com mais de 18 ligações feitas em dois dias, a estudante universitária Isabel Montenegro, de 17 anos, elegeu a nova funcionalidade como a melhor entre as disponíveis para download:
— Fiz algumas ligações com 45 minutos e funcionou muito bem, sem picotar. Já usei também o Skype e o Viber, mas o melhor mesmo é o WhatsApp. A qualidade do Skype também é boa, mas qualquer interferência na internet já prejudica. Eu consigo falar pelo WhatsApp até sem wi-fi, usando a rede 4G — contou a jovem.
A preferência fez Isabel mudar o hábito da família, acostumada a utilizar o Viber para conversas entre o grupo. No ranking pessoal da estudante de Direito, o aplicativo é a última opção atualmente:
— Não gosto do Viber. Minha família usava o aplicativo para conversar, mas tratei de ligar para todo mundo, criando um grupo no WhatsApp.
Para atualizar o aplicativo e liberar a função de chamada telefônica, no entanto, é preciso receber uma ligação de outro usuário que já esteja habilitado para fazer ligações.
A praticidade do aplicativo, que permite executar diferentes funções dependendo da necessidade, é outro ponto positivo, segundo ela.
— Eu digito, mando áudio, ligo. É muito mais prático.
A estudante acrescenta que o aplicativo acaba se tornando mais econômico do que o telefone convencional e já projeta um novo serviço a ser oferecido pelas operadoras:
— Gosto muito de falar. Fica mais barato usar a internet. Ainda temos que comprar um pacote de minutos, mas quem sabe as operadoras venham a oferecer, no futuro, um pacote só de dados
‘Jovens não voltarão para as ligações’
A preferência da nova geração por mensagens de texto vai além da economia mensal. Para a especialista em conflito de gerações, Eline Kullock, os mais novos vão continuar preferindo digitar a falar ao telefone:
— Os adolescentes já cresceram acostumados com essa nova forma de comunicação. A conversa dele se dá por risadas, pelo vocabulário diferente, já que eles precisam sentir que estão em algum grupo. Além disso, a mensagem de texto é uma forma de se esconder atrás de um perfil virtual, o que é muito útil para um adolescente cheio de inseguranças — explicou a especialista.
Segundo ela, os aplicativos de ligação, no entanto, ainda são mais atraentes para a juventude do que as chamadas tradicionais. O fato de as plataformas serem multifuncionais atende mais à agilidade de que os jovens gostam.
— Existe um conflito, sim. Eu diria que o mais velho quer expressar mais as emoções, enquanto o mais novo quer apenas velocidade. O que é rápido para um jovem é muito mais rápido do que para um adulto.
O diretor executivo de Tecnologia da Informação da Universidade Veiga de Almeida, Luis Gutman acredita, porém, que a evolução na qualidade das ligações de dados está atraindo todos os públicos, e não somente os mais velhos.
— A tecnologia de transmissão de voz pela internet tem evoluído, e as pessoas percebem isso — disse.
Eco na ligação ainda atrapalha
“Deve vingar, até porque todo mundo tem WhatsApp”. É assim que o estudante de Jornalismo Jonathan Assumpção, de 19 anos, resume sua expectativa em relação à nova opção na hora de fazer chamadas telefônicas. Ele também já experimentou o Viber e o Skype, assim como Isabel Montenegro. A diferença, porém, fica na preferência pelo melhor aplicativo:
— O Skype tem a melhor qualidade na ligação. Comecei a usar a chamada do WhatsApp na última terça-feira, mas estou escutando um eco. Espero que isso melhore com as atualizações — critica o jovem.
Outro problema relatado por usuários é a dificuldade de habilitar a modalidade. Ao receber uma chamada, o app deveria ser atualizado automaticamente, permitindo que o usuário efetue imediatamente as ligações, o que não acontece com todos:
— Liguei para duas amigas, mas o aplicativo no celular delas não atualizou. Elas continuam sem fazer chamadas.
Apesar dos contratempos, ele diz não ter dúvidas quanto ao sucesso da ferramenta:
— Os mais novos vão começar a usá-la, principalmente quem namora, a fim de economizar na conta. Diferentemente do Viber, todo mundo tem WhatsApp. Já não preciso mais gastar os minutos da franquia de dados.
Tire suas dúvidas:
Cobrança da ligação
A ligação pelo aplicativo WhatsApp, assim como nos outros, não é cobrada à parte pelas empresas telefônicas. A reportagem consultou TIM, Vivo, Claro e Oi. A função utiliza o pacote de dados.
Controle do pacote
Alguns aplicativos ajudam na hora de controlar o consumo do pacote de dados. No Android, o ‘Onavo’ é uma
das opções disponíveis. Para aparelhos com sistema IOS, o aplicativo ‘My Data Manager’, pode ser a escolha. Os dois são gratuitos.
Acessibilidade zero
O principal motivo de rejeição dos consumidores aos aplicativos é explicada pela falta de acessibilidade, apontam os consultores ouvidos pela reportagem.
Conexão x sinal
Com a deficiência na cobertura telefônica em algumas regiões, a ligação por aplicativos pode ser uma saída em locais com boa cobertura de Wi-Fi, aponta o diretor de TI da UVA, Luis Felipe Dantas Gutman.
Opção para iphone
Uma alternativa para a comunicação entre usuários de iPhone é o aplicativo Facetime, opção restrita para os aparelhos com sistema operacional iOS, opina a estudante Larissa Meirelles.
Ranking de aplicativos
O WhatsApp é o quarto aplicativo mais usado no Brasil, segundo pesquisa feita pela Ericsson, empresa de tecnologia. Só perde para o Facebook, Youtube e Chrome.
Privacidade
Outro atrativo dos aplicativos de mensagens instantâneas para os jovens, em relação às ligações, é a privacidade das conversas, lembra Gutman.
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